A Bahia não tem projeto de desenvolvimento econômico e o petismo aposta da velha fórmula da ajuda no social
Tasso Franco , Salvador |
16/12/2025 às 12:06
Rui e Wagner e a inversão de valores, os candidatos ao Senado puxando o governador
Foto: DIV
O “rifamento” do senador Angelo Coronel (PSD) da chapa majoritária do petismo baiano concorrente às eleições de 2026, com Jerônimo Rodrigues candidato à reeleição, e Jaques Wagner e Rui Costa, ambos do PT, ao Senado, teria o dedo superior do presidente Lula, o qual deseja petistas puro sangue na composição do Senado (2027-2030) para sua possível governabilidade em 4º mandato. Tem sentido.
E mais sentido tem, ainda, a inversão de valores na política baiana com os dois ex-governadores do PT (Wagner e Rui) elevando para o alto a candidatura de Jerônimo, o qual não pontua bem nas pesquisas de intenções de votos realizadas, em 2025, e se coloca em segundo lugar no confronto direto com ACM Neto, a última com uma diferença de 9 pontos percentuais.
Historicamente falando, o candidato a governador (e o eleito) é quem puxa (ou elege na sua onda) os senadores. Assim tem sido desde a redemocratização do país pós ditadura (1964-1984) e aconteceram com Waldir Pires, ACM, Paulo Souto, César Borges, Paulo Souto, Jaques Wagner e Rui Costa. Lembro que, em 1986, Lomanto Jr era considerado imbatível ao Senado compondo a chapa de Josaphat Marinho, porém, os eleitos foram Rui Bacelar e Jutahy Magalhães. A onda Waldir elegeu os dois.
A pergunta que se faz (e certamente os petistas do alto escalão estão se fazendo e avaliando) é porque Jerônimo Rodrigues, governador do estado há três anos, trabalhador incansável, peregrino no interior do estado e com centenas de obras inauguradas e outras prometidas não está à frente de ACM Neto?
Ora, como sabemos, ACM Neto sequer tem mandato político, não dirige nenhum Ministério nem empresa estatal, somente em 2025 andou um pouco pelo interior da Bahia, tem bases política na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados mínimas e ainda assim está à frente de Jerônimo.
Então, diante desses fatos, o petismo emplumado, o que decide, vê na dupla Wagner-Rui associada a Lula presidente um peso político de grande dimensão e que ajudará jerônimo.
Vale observar que, na eleição de 2022, Lula obteve na Bahia (em segundo turno) 72.12% dos votos e venceu em 415 dos 417 municípios, só perdendo em Buerarema e Luís Eduardo Magalhães, enquanto Jerônimo obteve 52.57% dos votos. Ou seja, uma diferença de quase 20%.
Ora, como ACM Neto obteve 47.21% dos votos muitos dos eleitores de Neto votaram em Lula; e muitos de Lula, votaram em Neto, uma vez que Jair Bolsonaro só obteve 27.88% dos votos.
E, claro, fazendo uma projeção para 2025, a realidade ainda é a mesma, pois, na Time Big Data (novembro de 2025) ACM Neto tem 44% (intenções de votos) e Jerônimo (35%). No cenário, na hipótese do candidato a governador ser Rui Costa este aparece com 43% e ACM Neto 42%. Na Quaest de agosto último Lula tem 63% das intenções de votos Bahia. Ou seja, segue à frente disparado de Jerônimo e também de Rui. Tarcisio teria 21%.
Diante desse pragmatismo é que o petismo resolveu sacramentar a chapa puro sangue com Jerônimo (governador), Wagner e Rui (senadores) na tentativa de alavancar Jerônimo, o qual, por si só, mesmo com todo esforço que faz no interior (e na capital) não decola.
Mas, afinal por que Jerônimo não decola?
A resposta estaria associada ao fato de que a Bahia não tem um projeto de desenvolvimento econômico em andamento e vive sustentada num varejão de obras (não produtivas) – escolas, hospitais, sedes de polícia, entregas de ambulâncias, instalações de pequenas unidades fabris de apoio à agricultura familiar, bolsas de toda natureza e assim por diante.
O estado, no entanto, não tem grandes projetos em andamento apesar dos 72% dos votos dados a Lula e projetos produtivos como o Porto Sula, a FIOL, a duplicação da BR 116, seguem amarrados; e em projetos de tecnologia avançadas estamos na raia baixa com um único trunfo a BYD (duvidosa) que decidiu instalar seu centro tecnológico no Rio de Janeiro.
Na verdade, a Bahia está atrasada, marrenta, e até no campo cultural perdeu o bonde da história ou está andando devagar com esse bonde e a população, ao que parece, começou a enxergar isso de maneira mais espacial e sinaliza desejo de mudança.
É diante desse cenário que Angelo Coronel foi preterido. Em entrevista ao Politica Livre disse que sua candidatura ao Senado está mantida, entende que estaria havendo uma pressa excessiva dos seus aliados petistas em anunciar uma chapa, não deseja indicar vice a nada; e muito menos nomes ao TCM e TCE e seu desejo segue sendo se manter no Senado.
Entende, também, de acordo com o dito ao Politica Livre, que a chapa só deveria ser anunciada em abril. Wagner, já sinalizou que o ideal será janeiro. E, nos bastidores da política, diz-se que a data alvo seria 7 de fevereiro próximo quando Lula virá à Salvador.
Vamos, portanto, esperar os novos passos do andor político. Já dito, sem a presença de santo Angelo. (TF)