Política

LULA AFASTA WALDIR E JOBIM ASSUME MINISTÉRIO DA DEFESA NESTA QUARTA

É a regra do jogo e o ex-governador da Bahia, Waldir Pires, saiu desgastado do governo
| 25/07/2007 às 13:02
   O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Nelson Jobim tomará posse no Ministério da Defesa, no Palácio do Planalto, às 16h desta quarta-feira, 25. 

   O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu que o atual ministro da Defesa, Waldir Pires, deixasse o cargo na manhã desta quarta-feira. O convite para Jobim substituir Pires foi feito por Lula na noite de ontem.

   A queda de Waldir do governo era tão esperada quanto dois mais dois são quatro. A rigor, o político baiano não soube sair do governo por conta própria e, com o agravamento da crise aérea o presidente não teve outra alternativa a não ser demiti-lo, educadamente ou protocolarmente, como se queira.


   NA PRÁTICA, JOBIM
   JÁ ASSUMIU
   

   Embora Jobim só assumirá o cargo, oficialmente às 16 horas, desde a manhã desta quarta-feira se reuniu com os ministros da Casa Civil, Dilma Rousseff, e do Planejamento, Paulo Bernardo, para conhecer o pacote de medidas anunciadas na última sexta-feira.

   Waldir Pires, ex-governador da Bahia (1987/maio 89), ex-PMDB, ex-PD e mais recentemente no PT sai do cargo após meses de desgaste. Ele chegou ao Ministério há pouco mais de um ano, em 21 de março do ano passado. Desde então enfrentou várias crises. Primeiro, o processo falimentar da Varig, companhia responsável à época pela maioria dos vôos internacionais com partida do Brasil.

   Depois, o ministro teve que coordenar o problema do controle de tráfego aéreo que ficou evidente após o acidente com o Boeing da Gol, que colidiu sobre a Amazônia com o jato Legaxy, em setembro do ano passado. Àquela época Pires começou a sofrer os primeiros desgastes.


   Nos meses seguintes, os controladores em todo País iniciaram procedimentos de operação-padrão, causando atrasos de vôos. Pires não conseguia ter interlocução com a Aeronáutica. Lula reclamava disso, mas mantinha o apoio ao ministro.


   PERDEU CONDIÇÃO

    Porém, na avaliação do governo, Pires perdeu as condições de ser ministro da Defesa em 31 de março desse ano, quando os controladores deflagraram uma greve em todo País. Naquele dia, o ministro havia recebido uma carta dos controladores informando do nível de estresse que estavam passando e da possibilidade de haver uma paralisação. Mesmo assim, Pires seguiu para o Rio de Janeiro por volta das 17h e deixou a crise para trás. Horas depois, teve início a primeira greve de controladores do País.


   Lula, que estava em vôo para os Estados Unidos, onde encontraria o presidente George W. Bush, ficou ainda mais insatisfeito com Pires e desde então passou a ter o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, como seu principal interlocutor para a crise aérea. Desde aquele episódio, Pires é deixado de lado da maior parte das decisões sobre o tema.


   Na semana passada, quando o Airbus da TAM não conseguiu frear na pista de Congonhas e colidiu com o depósito de cargas da empresa, às margens de uma das avenidas mais movimentadas de São Paulo, o presidente chegou à conclusão de que precisava de mudanças, além de medidas concretas para manter a confiança da população no governo.


   Ontem, depois de duas recusas, Jobim aceitou comandar o Ministério da Defesa. A troca da chefia do Ministério abre possibilidade para outras mudanças na cúpula do setor aéreo. Jobim recebeu carta branca para fazer as trocas que achar necessárias na Infraero e no Ministério. Jobim manterá a estratégia do governo, que quer ampliar os poderes do Conselho de Aviação Civil (Conac) para que ele determine as políticas públicas a serem seguidas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), órgão em que ele não pode mudar os diretores.


   Em comunicado lido pelo porta-voz da presidência da República, Marcelo Baumbach, o presidente informou que agradeceu a Pires por sua passagem na Controladoria Geral da União (CGU). Disse que ele fez uma transformação no órgão, que virou um marco no combate à corrupção. Porém, Lula disse ao ex-ministro que precisa de uma pessoa com outro perfil à frente do Ministério e para resolver a crise do setor aéreo.