O presidente Lula tem agido com cautela, pois, tudo o que expressa no campo da política, informalmente (no discurso) ou no papel, em ações efetivas, tem uma repercussão intensa. Daí Lula está cauteloso em se pronunciar, mas as forças do petismo agem para conter a ofensiva da direita.
O Brasil, como sabemos, segue polarizado entre direita (Bolsonaro) x esquerda (Lula) e, embora já se fale como disse o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE) “o governo saiu das cordas e está conseguindo unificar o país com o compromisso pela soberania". Nada disso, na real, está acontecendo.
Pelo contrário, o que se observa nas redes sociais que, na atualidade, têm uma suposta força junto à opinião pública, mas, não mexe no andar de cima (ou seja, o Executivo, o Congresso, o empresariado, o STF, etc, não toma decisões por opiniões da rede) há uma "guerra" de informações e contra informações, a campanha governista "nós contra eles" (em andamento) colocando Bolsonaro como "pai do tarifaço".
O marketing reforça com viés nacionalista com a peça "o povo brasileiro precisa ser respeitado" – usa o verde, azul e a amarelo e a bandeira do Brasil com assinatura de Lula; versus o "defenda o Brasil do PT Moraes" (com imagem do Cristo redentor), críticas do STF e ao governo Lula em várias frentes, em especial, também o colocando como “pai do tarifaço”.
Ora, diz-se que a ação desregulada de Trump retirou Lula das cordas diante da baixa popularidade que nem os marketeiros com suas artes conseguem melhor; e, ao mesmo tempo, diz-se que Bolsonaro, já inelegível por 8 anos e em baixa, a ponto de ser (em breve) condenado pelo STF pelos crimes relacionados e analisados na Corte Suprema, retorna à cena política com mais força.
Ou seja, o país segue dividido ao meio entre esquerda x direita, radicais de um lado e do outro, sem que nessa crise (e noutras) possa emergir uma terceira via para comandar o Brasil fora dessa nojeira que tem sido esse eterno debate tudo em nome do povo que, coitado, não está nem aí para esses atritos macros, pois, salvo ser manipulado, seu apito é surdo.
Por enquanto, o tarifaço de Trump, no campo político tem sido tratado mais pelo marketing do que por ações junto ao Congresso. E a representação do povo constitucionalmente se dá pelos deputados e senadores que são eleitos para representá-los. E muitos deles são ligados a engrenagens empresariais de grande porte - exatamente as que serão mais afetas pelas tarifas 50% nas exportações se Trump mantiver sua decisão e até lá negociações diplomáticas não sejam encaminhadas. Há tempo para conversas nessa direção (quase 3 semanas) e Trump, sobre outros países, tem cedido.
Nesse fogo cruzado está a grande mídia brasileira que é criticada pelos dois extemos. Bolsonaro, ontem, publicou no X em sua conta pessoal que "a Rede Globo é uma máquina de mentias financiada pelo governo como seu dinheiro para controlar, não é novidade. Cumprindo seu papel habitual, quando se trata dela mesma ou de seus clientes, dizem que foi apenas um 'erro'. Mas quando se trata dos outros, seus checadores de fato correm para rotular como a pior das intenções - qualquer coisa, menos a verdade1!.
Já uma deputada da Bahia postou que apesar de Delis Ortiz ter sido parcial na entrevista com Lula no JN ele se saiu bem. O Estadão e a Folha são criticados pelos dois lados. Veja virou "pau de galinheiro".
A população, portanto, está no centro desse fogo cruzado. Enquanto o governo não sentar para negociar na via diplomática juntamente com o empresariado e a diplomacia norte-americana nenhuma conclusão pode ser retirada neste momento. Há muita especulação no ar e as redes sociais atuam com marketeiros ideologizados, IA e robótica, e você não deve acreditar nelas. (TF)