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Ex-presidente disse que essa falta de diálogo levou ao seu impeachament
Foto: Ag Brasil
O ex-presidente Fernando Collor causou polêmica na noite de hoje ao subir no plenário do Senado e alertar a presidente Dilma Roussef a dialogar com o Congresso
Nacional, coisa que segundo ele não aconteceu quando foi presidente do
Brasil.
"O diálogo precisa ser reaberto. É fundamental que o Planalto ouça esta
Casa e ouça a Casa ao lado. E eu falo como ex-presidente que desconheceu a importância do Senado e da Câmara. O desconhecimento resultou no meu impeachment", disse Collor em aparte ao discurso de despedida da liderança do governo, feito pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR).
O discurso de Collor rapidamente se tornou um dos assuntos mais comentados no Twitter e dividiu opiniões na imprensa nacional, enquanto alguns articulistas defenderam a autocrítica do ex-presidente, outros preferiram lembrar outros episódios ocorridos no mandato de Collor.
Entre as que classificaram o discurso de Collor como importante estava a senadora Marta Suplicy que destacou o discurso na exata hora em que acontecia por meio do twitter, já o colunista Reinaldo Azevedo da Veja preferiu criticar o ex-presidente e dizer em artigo que não foi a relação com o Congresso que derrubou Collor.
FRASES
Ex-presidente da República, o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) alertou
Sem citar nominalmente a presidente, Collor disse que o Planalto precisa "ouvir a Casa do lado".
"Digo isso com a experiência de quem, exercendo a Presidência da República, desconheceu a importância da Câmara e do Senado. O resultado deste afastamento do Legislativo Brasileiro redundou no meu impeachment."
Collor disse esperar que a saída do senador Romero Jucá (PMDB-RR) e do deputado Candido Vaccarezza (PT-SP) das lideranças do governo no Senado e na Câmara não "desestabilize" a base de apoio de Dilma no Congresso.
"Eu não vejo com tanta tranquilidade, como alguns estão vendo, essa transição e essa mudança de lideranças. A base do governo está sentindo um gosto de um certo azedume. O diálogo precisa ser reaberto. Esses canais de entendimento do Planalto com esta Casa precisam estar inteiramente desobstruídos", afirmou.
Senador do PTB, partido que integra a base de apoio de Dilma, Collor afirmou que os parlamentares precisam de "consideração" do governo.
"Muitas vezes não fazemos questão de ter solicitação atendida pelo Planalto, mas precisamos de consideração. Atenção até para dizer não. Mas precisamos ter essa atenção."
Collor fez as declarações no plenário do Senado, ao comentar o discurso de despedida de Jucá da liderança. O ex-líder ficou na tribuna por mais de duas horas, ouvindo uma série de discursos dos colegas elogiando sua atuação na liderança.
FALHASJucá concordou com o senador ao admitir falhas do governo na sua articulação política com o Congresso. "O governo tem que fazer política como um todo, tem que ter consideração política, tem que atender senadores, retornar telefonemas, e entender que quando um senador entra em gabinete de ministro, não está articulando para ele, mas está representando um Estado da República."
O ex-líder disse que tentou fazer o melhor que pôde no cargo, com a "humildade de ouvir" para prevalecer a opinião da maioria dos senadores durante a sua atuação. E cobrou unidade do PMDB para garantir governabilidade a Dilma.
"Temos que recompor a base do governo, ter partidos integrados. Temos que unir o PMDB. A união do PMDB é fundamental para o Brasil."
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), retornou ao plenário para também discursar em homenagem a Jucá. Ao rasgar elogios ao ex-líder, Sarney disse que a política necessita de "convivência e estima" entre as pessoas --características adotadas por Jucá nos mais de dez anos em que ficou na liderança.