Política

JOÃO NÃO APARECE, MAS PROTESTOS SOBRAM NA REABERTURA DA CÂMARA

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| 01/02/2012 às 20:25
Vice-prefeito Edvaldo Brito representou JH e leu a mensagem
Foto: Valdemiro Lopes
(Por Limiro Besnosik)

A sessão de reabertura dos trabalhos na Câmara de Salvador nesta terça-feira, 1º, deu uma boa (ou nem tanto) ideia das dificuldades a serem enfrentadas, especialmente pela mesa diretora e lideranças no legislativo municipal. Os movimentos populares se fizeram presentes com os grupos "Desocupa João" e os agentes de endemias e do Programa de Saúde da Família (PSF), todos protestando de forma ruidosa contra atitudes tomadas pelo chefe do Palácio Tomé de Souza.

Em compensação, João Henrique Carneiro (PP) lá não esteve. Mandou o vice-prefeito Edvaldo Brito (PTB) representá-lo, alegando "inadiável viagem para cuidar de assuntos da maior importância para o sistema viário da cidade".

A oposição tratou do caso como um ato de covardia. Aladilce Souza (PCdoB) classificou a ausência de falta de respeito à cidade e ao Legislativo e chegou a ver nisso um vazio de poder: "Ele já começou a desocupar a prefeitura". Quanto à mensagem lida pelo vice, considerou sem consistência, sem apresentar soluções para os graves problemas do município.

A comunista apontou a bancada governista como responsável pelo pequeno número de sessões ordinárias realizadas pela CMS em 2011: "Eles derrubavam o quorum para nós, da oposição, não termos condições de expor para a população o teor dos projetos que eles fizeram aprovar durante o ano".

Marta Rodrigues (PT) também defendeu a ampliação dos debates sobre questões importantes para Salvador, apesar de 2012 ser atípico, como todo ano eleitoral. Para a petista, a grande luta será travada na aprovação das contas do prefeito, referentes a 2009 e 2010.

Não é bem assim

O presidente da Câmara, porém, fiel a seu estilo contemporizador, procurou minimizar o impacto da falta de JH na sessão. De acordo com Pedro Godinho (PMDB) o alcaide não desprestigiou os vereadores, pois apresentou desculpas e tem demostrado seu apreço pela Casa em outras ocasiões. O peemedebista também acredita que este será um ano difícil, mas o compara a todos os outros períodos eleitorais, quando é necessário atender às obrigações do mandato e, ao mesmo tempo, cuidar da reeleição.

Neste quarto período da 16ª legislatura a CMS começa suas atividades com tapumes na fachada, em processo de pintura, dentro de uma parceria firmada com a indústria de tintas Coral. A instituição entra com a mão de obra e a empresa está doando todo o material para deixar o prédio centenário de cara nova. Além disso, foi melhorado o sistema de som e trocado o carpete do plenário.

Godinho anunciou para este ano ainda (provavelmente março) reparos no ar condicionado do plenário e negociações para desapropriar o prédio localizado na Rua do Tira Chapéu, esquina com a Rua Chile, onde a Câmara instalaria suas salas hoje funcionando em espaços alugados no centro da cidade. Nesse edifício já funcionou a Farmácia Chile e a Associação Comercial da Bahia.

Saúde para lutar

Os movimentos populares, por sua vez, começaram a dar o tom da dor de cabeça que preparam para JH e vereadores. Os agentes de endemias protestaram contra o veto do prefeito à emenda, aprovada por unanimidade pela Câmara, antecipando em pelo menos seis meses o pagamento de benefícios econômicos previstos no orçamento municipal.

Uma comissão de profissionais de Saúde da Família (PSF) foram ao plenário para pedir tratamento igual ao dos colegas da área de endemias, que foram transmudados para o regime estatutário sem a necessidade de concurso público. Segundo eles, cerca de 3.000 empregados atualmente ligados ao PSF em Salvador estão em vias de ser demitidos, pois não foram aprovados no concurso realizado pelo Governo Federal para o preenchimento das vagas locais.

O motivo da não classificação, justificam, foi a falta de tempo para estudar, pois o trabalho no PSF requer dedicação exclusiva de 40 horas semanais. Assim, os manifestantes reivindicam a ampliação do Programa, que atende somente 17% do município, com a manutenção dos atuais empregos.

O assunto será debatido numa sessão especial, no dia 7 de fevereiro, às 15 horas, no Centro de Cultura da CMS, por iniciativa do vereador Sandoval Guimarães (PMDB). Antes, os trabalhadores se reunião no Campo Grande para uma caminhada até a Praça Tomé de Souza.