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ACM Neto destaca que Bahia deixou de ser referência nacional após governo Wagner
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O deputado federal ACM Neto (DEM) denunciou hoje (29), em discurso no plenário da Câmara Federal, a situação de calamidade das delegacias do interior da Bahia. Além de lembrar que mais de 120 municípios estão sem delegado, Neto leu dois ofícios que comprovam o descaso do governador Jaques Wagner com a área da segurança pública.
Nos dois ofícios, a delegada de uma cidade baiana, cujo nome foi omitida pelo deputado para preservar o nome do funcionário da prefeitura que encaminhou os dois documentos, solicita ao prefeito local desde gasolina para viaturas até papel higiênico. O discurso foi aparteado pelos deputados baianos Colbert Marints (PMDB) e Cláudio Cajado (DEM), e foi citado pelo petista Zé Geraldo (PA).
Em um dos ofícios, a delegada informa que recebe uma cota mensal de combustível de R$300 para abastecer a viatura policial, que, segundo ela, é insuficiente para atender as diligências na cidade. "Desta forma, requeremos a contribuição da prefeitura municipal com o fornecimento de cota de combustível para melhor desempenho das atividades policiais, autorização para xerocópia de dossiê em livraria desta cidade, bem como de materiais abaixo relacionados".
Entre os materiais solicitados pela delegada ao prefeito estão canetas pretas e azuis, borrachas, corretivo, fita adesiva, classificadores, caixas de disquete, pacotes de papel ofício, clipes, pastas arquivo, pacotes de sabão e papel higiênico, litros de álcool e água sanitária, vassouras, panos de chão, pacotes de lixo e lâmpadas.
Em outro ofício, também lido por ACM Neto no plenário da Câmara Federal, a mesma delegada informa que se encontra a disposição da delegacia para atender às diligências locais um veículo não padronizado, entretanto inoperante, posto que necessita de uma bateria, quatro pneus, quatro parafusos de roda e de uma chave de ignição. No documento, a delegada pede ao prefeito as peças citadas para melhorar o trabalho policial na cidade.
PALANQUE
ACM Neto afirmou que os prefeitos querem que o governador ao menos cumpra com suas obrigação, como na área segurança pública. "O governador já tem dois anos e quatro meses de governo e ainda fica culpando a tal da herança maldita. O governador precisa é sair do palanque, pegar a caneta e começar a governar. Cadê as obras na Bahia? Ele fala da Via Portuária, de uma ferrovia que vai cortar o estado e até de uma ponte entre Salvador e Itaparica, vendendo ilusão. O governador está mais preocupado em vender um pedaço de terra no céu do que em governador", disse o deputado.
Neto afirmou ainda que o governador tem medo das mobilizações sociais e até trabalha para boicotá-las, como aconteceu com a marcha dos prefeitos organizada ontem (28) pela União dos Municípios da Bahia (UPB).
"O governador fez sua carreira política com mobilizações, com reivindicações, e agora, que se diz republicano e democrático, trabalha para impedir que elas aconteçam. Ao invés de receber os prefeitos, e sei que ele não gosta de receber os prefeitos em seu gabinete, ele tentou claramente boicotar a manifestação que aconteceu ontem, que não era contra ninguém, embora pudesse ser contra ele, que ainda não saiu do palanque".
ORGANIZAÇÃO
ACM Neto parabenizou o presidente da UPB, Roberto Maia (PMDB), prefeito de Bom Jesus da Lapa, pela organização do movimento. Respondendo ao aparte de Colbert Martins, que saiu em defesa de Jaques Wagner, afirmando ser o governador um democrata que reconheceu a manifestação dos prefeitos, Neto recomendou que o peemedebista ouça o discurso feito por Roberto Maia, seu companheiro de partido, no evento da UPB, ontem.
"É hora do PMDB reconhecer que esse governo não tem mais jeito. É hora do PMDB tomar a decisão de sair desse barco porque ele está afundando", ironizou ACM Neto. Ele também lembrou que, no governo Wagner, a Bahia perdeu o protagonismo no Nordeste, não combateu de forma efetiva a crise e vive uma epidemia de dengue sem precedente.
ACM Neto lembrou ainda da crise na educação, com o déficit de professores que o levou a entrar com uma ação de improbidade contra Wagner no Ministério Público da Bahia.