Waldir disse que deixa o governo com um sentimento de frustração e de sonho interrompido.
"Não é para mim um simples instante nem um trivial instante. Quando lhes digo adeus, meus caros companheiros, tenho dentro de mim, um sentimento que me sufoca, de frustração e de dívida pelo temor do sonho interrompido porque lutei toda a minha vida por uma Nação independente e justa."
O ex-ministro não escondeu que estava sendo difícil para ele deixar o cargo.
"Nunca é fácil o instante da despedida, sobretudo quando havia uma missão que se deveria cumprir e não logrou-se completar-se."
BIOGRAFIA
Waldir Pires é uma das figuras respeitadas dentro do PT, embora não tenha sido um dos fundados e organizadores do partido. Anteriormente, pertenceu ao PMDB e ao PDT, até ingressar no PT. Foi eleito governador da Bahia, em 1986, pelo PMDB e sua chape teve apoio "crítico" do PT porque os trabalhadores se recusaram a votar nos candidatos a senador Ruy Bacelar e Jutahy Magalhães.
Antes de passar a ocupar o Ministério da Defesa, em abril de 2006, ele esteve à frente da CGU (Controladoria Geral da União). Até então, a Defesa estava sendo acumulada pelo vice-presidente José Alencar.
No novo posto, Pires foi confrontando em setembro com a queda do avião da Gol, que deixou 154 mortos. Em seguida, ele enfrentou um motim de controladores de tráfego aéreo e uma seqüência de fatos que geraram atrasos e cancelamentos em vôos de todo o país.
A situação ficou insustentável após o acidente com o avião da TAM, na semana passada, que deixou 199 mortos, o maior da história do país. Logo depois, na noite de sexta-feira (20), houve uma pane no Cindacta de Manaus que impediu a passagem de vôos pela região Norte do país --provocando um efeito cascata com atrasos e cancelamentos em todos os aeroportos do país.