Política

DIRETOR DA EBAL DIZ: CESTA DO POVO DARÁ 60 MILHÕES DE PREJUIZO EM 2007

O depoimento foi prestado pelo diretor administrativo da empresa, Eduardo Carneiro
| 04/07/2007 às 18:05
Loja da Cesta do Povo no Ogunjá, nesta quarta, 4, sem clientes e menos 4 caixas (Foto/BJ)
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   Em depoimento nesta quarta-feira, 4, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Ebal, na Assembléia Legislativa, o diretor administrativo da empresa, Eduardo Carneiro, afirmou que o governo Jaques Wagner vem realizando procedimentos sem licitações, renovando contratos idênticos aos praticados na gestão do ex-governador Paulo Souto e que a Cesta do Povo já está dando um prejuízo mensal de R$5 milhões.

   Ou seja, no primeiro ano Wagner a estimativa é de que dará um prejuízio de R$60 milhões, confirmando o que que todo meio político já sabia e o mercado varejista também, que a Cesta do Povo é um programa social, a ser subsidiado pelo governo.
 
  O depoimento de Eduardo Carneiro reduziu a pó o discurso de auto-suficiência do atual presidente da Ebal, Reub Celestino, destacando, ainda, que o diretor presidente nunca teve força para tirá-lo da Ebal porque sua indicação pertencia ao deputado Ferreira Otomar (PMDB), aliado do governador Wagner.

   Segundo Carneiro, Reub chama todo mundo na Ebal (vinculado ao governo anterior) de ladrão, inclusive com ele próprio ao questionar de viva voz: "Você é ladrão Carneiro?".

   O diretor da Ebal disse que sempre respondeu a Reub com dignidade e que todos os contratos feitos na gestão Paulo Souto são legais e não continham irregularidades.

   MESMA COISA

   Ainda, segundo Eduardo Carneiro, Reub Celestino promoveu as reformas das lojas utilizando a Torres Engenharia, sem licitações; contratou a Uranus para decorar e sinalizar as lojas por 600 mil reais, sem licitação; renovou o contrato com a Livraria Cultura (a mesma denunciada de ter superfaturado as latas do Nossa Sopa, denúncia feita por Reub) e renovou o contrato estilo OAF (mesmo condenado pelo atual presidente) com o Liceu de Artes e Ofícios.

   Segundo o deputado Júnior Magalhães (DEM) a CPI da Ebal praticamente acabou depois do depoimento de Eduardo Carneiro, salvo se for realizada uma nova CPI para apurar o que se passa, atualmente, na EBAL.

    - Fiquei supreso com o depoimento de Eduardo Carneiro, imaginando que ele tivesse permanecido no governo por mérito e não pela força política. Mas, Carneiro, que foi coordenador de Licitações da Empresa, na gestão Paulo Souto, confirmou tudo aquilo que já havia dito na CPI, referendando a lisura nos contratos da Ebal na gestão passada - destacou Júnior Magalhães.

    PERSEGUIÇÃO

   Ainda segundo o depoimento de Eduardo Carneiro, desde que deu uma entrevista em A Tarde defendendo a lisura dos contratos na época Paulo Souto, tem sofrido pressões do secretário de Relações Institucionais do Governo, Rui Costa, e do presidente da Ebal, Reub Celestino, para que se afastasse.

   Destacou que sustentou sua posição tanto para Costa; como para Celestino afirmando que falar a verdade não era nenhum pecado e não sairia do governo, salvo se fosse demitido.

    Revelou que houve um telefonema de Ferreira Otomar para Reub, com o viva-voz do telefone ligado, para dizer que ele não tinha força alguma na Ebal.

   Por fim, disse que no último dia 26 de junho entregou sua carta de demissão, voluntária, ao secretário da Indústria e Comércio, Rafael Amoedo, mas, mesmo assim, ainda não foi substituído.