Política

TASSO FRANCO COMENTA: PT FICA REFÉM DO PREFEITO E SE MANTÉM ALIADO

Deputado Nelson Pelegrino perdeu força na Executiva municipal
| 12/06/2007 às 09:57
  A decisão da Executiva Municipal do PT em adiar para o próximo dia 27 sua saída da administração municipal do prefeito João Henrique (PDT), em primeira instância, trouxe à luz da cena política três fatos novos e relevantes no cenário da sucessão municipal de Salvador.

  O primeiro deles foi de que o deputado Nelson Pelegrino, da Esquerda Democrática Popular (EDP) não é mais hegemônico no partido, como visto em anos anteriores, e enfrenta dentro da própria agremiação forças, as quais, unidas (Democracia Socialista, Coletivo 2 de Julho e Articulação Unidade na Luta) não permitirão (como aconteceu na reunião da última segunda-feira) que dê as cartas sozinho.

  Pelegrino enfrentaria, adiante, ainda que PT lance candidato próprio resistências ao seu nome como sendo ele o candidato. O entendimento é de que já colocou seu nome três vezes à prova do voto e não obteve êxito em nenhuma das oportunidades. Uma quarta vez seria demais.

  O segundo fato foi a declaração posta à imprensa no dia da reunião do PT pela deputado federal Lídice da Mata (PSB), a mais votada na última eleição proporcional em Salvador, a qual, deu um alto lá no PT (referendada pelo PC do B) destacando que embora este partido seja majoritário no Estado deve respeitar seus aliados.

   Isso pesou e muito na decisão da Executiva, no recuo, pelo menos em primeira instância.

   E o terceiro fato envolve o prefeito João henroique (PDT), o qual, fingindo-se de morto, mas, manobrando sua competência política nos bastidortes colocou o PT como refém de uma provável CEI na Câmara dos Vereadores, fritou o quanto pode a maior força de participação do PT no governo (o secretário da Saúde, Luís Eugênio Portela) e venceu a parada, quando, aos olhos da opinião pública parecia uma batalha perdida.

   O que advirá desses três episódios só o tempo dirá.

   Uma coisa é certa: o secretário Portela não tem mais condições de permanecer na administração, sob pena de se desmoralizar. O prefeito mandou pagar os 25% as clínicas de ortopedia por pressões dos vereadores, mandou seu secretário da Fazenda dar um pito em Portela (com repelão em Reub Celestino) e ainda o deixou refém da CEI.

   Esse filme já foi passado em Salvador com os episódios de outros secretários, Arnando Lessa, então na SESP; Reub Celestino, na Fazenda; e Nestor Duarte Neto, da Infra-Estrutura e Transportes. Todos foram fritados em banho Maria.

   O que acontecerá com Pelegrino ainda é prematuro dizer-se.

   Mas, essa história de repactuação de aliança com o prefeito soa como historinha para boi dormir. Pelegrino não é bobo e sabe disso. Vai tentar reorganizar, isso sim, suas forças, para o novo embate do dia 27.

   Sobre Lídice da Mata já deu a primeira resposta, considerando a sua postura "injusta". Mas, Lídice é suficientemente madura políticamente para abosrver o contra-golpe sabendo que venceu o primeiro round. 

   E João Henrique? 

   Ora, o prefeito fica a cavalheiro para, finalmente, se filiar ao PMDB e ao político que tem apetite de governar e está ocupando espaços na Bahia: o ministro Geddel Vieira Lima. 

   De quebra e com preferência quer o PT em sua vice e os apoios do PSB, PCdoB, PSC e PDT.