O episódio envolvendo o presidente da Câmara de Vereadores, Valdenor Cardoso, e o líder da minoria vereador Téo Senna, durante a reunião de líderes, terça-feira última, quando este acusou o presidente da Casa de manter uma relação de subordinação ao Poder Executivo, mais precisamente ao prefeito João Henrique, revela que, ou a Casa da Cidadania se impõe como poder autônomo ou se desmoralizará nesta legislatura.
Segundo Téo Senna, o presidente Valdenor não coloca o requerimento do vereador Sandoval Guimarães propondo a criação de uma Comissão Especial de Investigação (CEI) à votação porque tem uma postura de subalterno ao prefeito, daí que, além de manchar a imagem da Câmara como poder, deixa de atender a uma das reivindicações mais exigidas pela opinião pública.
Ou seja, analisar as prováveis irregularidades nas contas da Gestão Plena da Secretaria Municipal de Saúde, segundo depoimento de uma das apontadas suspeitas do crime do servidor Neylton Souto, a ex-sub-secretária Aglaé Souza, motivadoras do assassinato.
A Câmara, obviamente, não vai apurar o crime porque não tem poder de polícia, mas, analisar o móvel do crime na medida em que, segundo o Ministério Público há fortes indícios de irregularidades nas contas da Gestão Plena, ainda que a SESAB estadual tenha promovido uma auditoria que a oposição considera fajuta.
E por que a Casa da Cidadania se escusa em colocar na pauta da votação essa matéria tão relevante para a cidade?
Segundo Téo, porque há uma clara submissão do Poder Legislativo ao Poder Executivo e isso é inconcebível, inaceitável, na medida em que a Câmara só está subordinada à vontade popular e não deve ser um segmento auxiliar do Palácio Tomé de Souza.
A Câmara, portanto, está na berlinda. Está na mira da opinião pública.
Evidente que ainda há tempo de redimir-se, de atestar a sua autonomia como Poder.
Senão levantar a cabeça até o final da legislatura vai pagar um alto preço. A maioria dos vereadores não deseja que isso ocorra daí que esperam uma reparação do seu presidente para não ser enxovalhada, com reflexo nos vereadores, sobretudo àqueles que têm votos de opinião.