Bahia já tem Conselho de Comunicação Social desde a época de Wagner formado por 'amigos do rei'
Tasso Franco , da redação em Salvador |
27/08/2021 às 09:56
Lula em Salvador com Jaques Wagner e Rui Costa
Foto: DIV
O ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT), durante entrevista concedida à Rádio Metropole na última quinta-feira (26), em Salvador, voltou a revelar (já tinha falado a mesma coisa em Fortaleza, CE) QUE uma de suas principais bandeiras eleitorais em caso de vitória nas eleições presidenciais do próximo ano será a regulação da mídia. Ou seja, o caminho para praticar a censura ou, ao menos, como já acontece na Bahia com o governo petista, só publicar a midia institucional a quem fala bem do governo.
O governo da Bahia, ainda na época de Jaques Wagner e do secretário de Comunicação, Robinson Almeida, engenheiro de profissão e hoje deputado estadual pelo PT, instalou um Conselho de Comunicação Social formado por 27 membros - quase todos alinhados com o governo - com o objetivo estaturário de planejar e elaborar políticas públicas voltadas para a comunicação no estado.
Tem um estatuto, um regimento e representantes de 5 secretarias do Estado - Comunicação, Educação, Cultura, Justiça e Ciência e Tecnologia; IRDEB, CTB, ONGs, Universidades Públicas Estaduais, Sindicato dos Bancários, SINJORBA e outros.
Não se sabe se Lula pretende aplicar um modelo desses já que tem elogiado o modo de governar petista na Bahia ou se implantará uma censura mais forte. No geral, o princípio é o mesmo: ter uma imprensa que só fale o que seja agradável ao governo.
Em 2020, o jornalista Reinaldo Azevedo, falando sobre o assunto disse o seguinte: "Então fica combinado: Lula não pára de falar bobagem, e eu não paro de escrever que ele fala bobagem. Ele não desiste, eu também não. Nesta segunda, em dois momentos, o Babalorixá de Banânia, já nos estertores da apoteose mental, resolveu atacar a imprensa, evidenciando, pela enésima vez, que ainda não entendeu direito o que é essa tal democracia ou, o mais provável, já entendeu, mas não gosta" .(Veja, 28 de dezembro de 2020).
Lula disse também que não quer morrer sem a Globo lhe pedir desculpas. Essa é uma outra declaração recorrente desde 2017.
Na Metrópole falou, ontem: "Eu ainda não decidi se sou candidato. Eu estou com muita paciência, estou conversando com muita gente, estou ouvindo muito desaforo, leio muito a imprensa. Tem alguns setores da imprensa que não querem que eu volte a ser candidato. Porque se eu voltar [à Presidência] eu vou regular os meios de comunicação deste país", afirmou Lula.
O petista alegou, em sua defesa, que o atual sistema encontra-se defasado e, portanto, "a gente não pode ficar com a regulamentação de 1962, não é possível".
Esta declaração recorrente do petista, já que, em 2019, Lula discursou na abertura do 7º Congresso Nacional do PT e defendeu a regulação da mídia. Na oportunidade, o ex-presidente alegou que "democratizar a comunicação não é fechar uma TV, é abrir muitas".
O atual presidente Jair Bolsonaro pensa diferente. Em seu twitter, o político já disse que não pretende promover qualquer tipo de regulamentação. "Em meu governo, a chama da democracia será mantida sem qualquer regulamentação da mídia, incluídas as sociais. Quem achar o contrário, recomendo um estágio na Coreia do Norte ou Cuba", escreveu.
Noutra declaração, Lula garantiu que se voltar ao poder essa será uma de suas primeiras ações. "Ou a gente faz isso ou vai continuar sendo vítima da espoliação de meia dúzia de famílias que manda na comunicação. É preciso haver uma regulamentação", destacou.
O petista ainda atacou a imprensa e defendeu a Venezuela. "Eu vi como a imprensa destruía o Chaves (ex-presidente da Venezuela). Aqui eu vi o que foi feito comigo. Nós vamos ter um compromisso público de que vamos fazer um novo marco regulatório dos meios de comunicação e espero que os senadores e os deputados entendam que isso é necessário para a democracia. Inclusive vamos discutir com a sociedade uma regulação da internet", detalhou.
O ministro das Comunicações, Fábio Faria, rebateu a declaração de Lula. "O PT tem falado reiteradamente sobre a regulação da mídia, e voltou a repetir. Estamos em 2021 e temos que lutar pela liberdade de expressão e da imprensa, como defende o governo Jair Bolsonaro. Não queremos retrocesso", escreveu em sua rede social.