Algumas pessoas fizeram panelaço
Tasso Franco , da redação em Salvador |
03/06/2021 às 09:25
Presidente Jair Bolsonaro
Foto: Anderson Riedel PR
O presidente Jair Bolsonaro fez ontem um pronunciamento em rede nacional de rádio e TV para defender a gestão de seu governo na pandemia destacando os bons números divulgados nesta semana sobre a retomada da economia. Algumas pessoas radicais de esquerda fizeram um panelaço.
Ao defender a tese de que o PIB brasileiro teve um bom resultado na última semana porque seu governo estimulou as pessoas a não ficarem em casa, Bolsonaro desenvolveu um raciocínio impreciso não apenas em termos sanitários, mas também na economia. Conforme mostraram os números do Produto Interno Bruto, a retomada no primeiro trimestre se deveu mais à alta internacional de commodities, que impulsionaram setores como o agronegócio, do que a um aumento do consumo que estaria, segundo a tese, mais relacionado à maior circulação de pessoas.
Na prática, o que se percebeu quanto ao PIB foi um cenário em que a população de alta renda conseguiu ter sobras no orçamento para poupar mais, enquanto a população mais pobre sofreu com o desemprego e a falta de renda. Apesar do consumo das famílias ter ficado praticamente estável no trimestre, com queda de 0,1% em relação ao trimestre anterior, a redução foi maior, de 1,7%, na comparação com o mesmo período de 2020.
O presidente usou o pronunciamento ainda para defender a realização da Copa América no Brasil — medida criticada devido aos números atuais da pandemia — e prometer a vacinação de todos os brasileiros até o final do ano, reforçando a recente adesão ao apoio à imunização.
A celebração dos números econômicos foram o ponto principal. Ele afirmou que a previsão é de que o PIB irá crescer ao menos 4% neste ano, recuperando o nível pré-pandemia. O presidente voltou a criticar medidas restritivas adotadas por governadores e prefeitos. E reafirmou que joga “dentro das quatro linhas da Constituição”, expressão que costuma usar para criticar o lockdown e outras políticas contra o coronavírus.
— O nosso governo não obrigou ninguém a ficar em casa, não fechou o comércio, não fechou igrejas ou escolas e não tirou o sustento de milhões de trabalhadores informais. Sempre disse que tínhamos dois problemas pela frente, o vírus e o desemprego, que deveriam ser tratados com a mesma responsabilidade e de forma simultânea — afirmou.