Política

CMS relança obras de Manoel Querino, intelectual e primeiro edil negro

“As Artes na Bahia” e “Artistas Bahianos” são os títulos das publicações
Limiro Besnosik , da redação em Salvador | 09/04/2018 às 18:56
As obras serão distribuídas para instituições públicas
Foto: Valdemiro Lopes

Foram relançados, na tarde desta segunda-feira, 9, pelo Selo Castro Alves, da Câmara de Salvador, os livros “As Artes na Bahia” e “Artistas Bahianos”, de Manuel Querino. A solenidade foi dirigida pelo presidente do Legislativo, vereador Leo Prates (DEM).

Segundo ele, “Manuel Querino foi o primeiro vereador negro desta cidade, então eu destaco a relevância do relançamento destas obras também por esse aspecto. O resgate dessa obra ficará na história desta Casa. A importância desse livro pode ser avaliada também pelos inúmeros pedidos de exemplares que têm chegado a mim”.

Em As Artes na Bahia, o autor mostra quem construiu os principais monumentos e traça a trajetória do trabalho no estado. Artistas Bahianos é como um dicionário com biografias de diversos trabalhadores e artistas. “São obras que retratam não somente a arte nesse período, mas também destacam a produção manufatureira do século XX. As pessoas desconhecem a relevância dessas obras, que não foram reeditadas como os outros cinco livros de Querino”, afirmou a professora e autora da biografia de Querino, Graça Leal, responsável pelo texto de apresentação desta última obra.

Cultura em foco

A reimpressão dos livros foi feita por meio do Selo Editorial Castro Alves, que tem o objetivo de editar publicações literárias de autores baianos e contribuir para divulgar questões históricas da política, economia, além da diversidade étnica, religiosa, artística e arquitetônica da cultura soteropolitana. As duas publicações serão disponibilizadas para universidades e bibliotecas públicas.

Prates agradeceu e homenageou todos os envolvidos no relançamento: “Eu destaco a importância do vereador Sílvio Humberto, presidente do Selo, para a retomada desta iniciativa, assim como a do jornalista Pacheco Maia para a reeditoração desta obra. O trabalho que eles vêm desenvolvendo tem permitido que esta Casa faça importantes contribuições para a cultura e história de Salvador”.

As obras de Querino são consideradas raras e têm seu valor reconhecido no mercado e meio intelectual. Vereador por dois mandatos no final do século XIX, o autor foi também professor, jornalista, pintor, militante do movimento liberal, líder abolicionista e um dos fundadores da Liga Operária Bahiana e do Partido Operário.

Resgate

“A Câmara faz um resgate de uma figura ímpar da nossa história. Querino foi tudo e nos mostra que mesmo você não tendo oportunidade, você pode se tornar um ícone. Imaginem se pudéssemos retirar as agruras que ele sofreu, o que ele poderia ter feito. A CMS dá um presente a Salvador ao reeditar sua obra”, disse o presidente da Comissão de Cultura, Sílvio Humberto (PSB).

Manuel Querino dedicou-se à pesquisa das manifestações populares e da cultura afro-brasileira, tendo escrito inúmeros livros sobre o tema, com ênfase na história da Bahia, em artes e costumes. “Ele foi seguramente o primeiro antropólogo da Bahia. Esta Casa presta grande reverência a esse antigo colega ao nomear o Centro de Cultura com seu nome desde 2008. O relançamento destes livros consolida nosso reconhecimento a Manuel Querino”, afirmou o gestor do Centro de Cultura Manuel Querino, Odiosvaldo Vigas (PDT).

Também participaram do lançamento o presidente da Fundação Gregório de Matos, Fernando Guerreiro; o presidente da Comissão de Reparação, Moisés Rocha (PT); a líder da Oposição, Marta Rodrigues; o ouvidor-geral, Luiz Carlos Suíca, e Aladilce Souza (PCdoB).