Política

Mãe de Marielle Franco vereadora executada temia pela vida da filha

"Ela não estava sob ameaça, mas incomodava muito policiais truculentos e milicianos. Todos os indícios são de execução, ato bárbaro de quem sabe atirar", afirmou o deputado federal Chico Alencar à BBC Brasil.
Nara Franco , Rio de Janeiro | 15/03/2018 às 18:06
Marielle Franco
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De acordo com o site G1, "quando a vereadora Marielle Franco, assassinada a tiros no Rio de Janeiro na noite desta quarta-feira, tomou posse em janeiro de 2017, a mãe dela confidenciou ao deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ) que tinha medo do que poderia acontecer com a filha".

Em 15 meses na Câmara Municipal, Marielle apresentou 16 projetos de lei. Dois deles foram aprovados como leis concretas: um sobre a regulação de mototáxis, importante meio de transporte em favelas, e outro sobre contratos da prefeitura com organizações sociais de saúde, alvos frequentes de investigações sobre corrupção.

No final de fevereiro deste ano, se tornou relatora de uma comissão de vereadores que acompanha o trabalho de militares na intervenção federal na área de segurança do Rio.

Ela nasceu e foi criada no Complexo da Maré, um dos maiores conglomerados de favelas do Rio.

No Twitter, ela criticava a violência policial. "O que está acontecendo agora em Acari é um absurdo! E acontece desde sempre! O 41° batalhão da PM é conhecido como Batalhão da morte. CHEGA de esculachar a população! CHEGA de matarem nossos jovens!", postou em 10 de março.

"Mais um homicídio de um jovem que pode estar entrando para a conta da PM. Matheus Melo estava saindo da igreja. Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?", escreveu três dias depois.

Pouco antes do crime, Marielle transmitiu no Facebook sua participação no evento "Jovens Negras Movendo Estruturas", organizado por ela na Casa das Pretas, no bairro da Lapa, no centro do Rio.

"Ela não estava sob ameaça, mas incomodava muito policiais truculentos e milicianos. Todos os indícios são de execução, ato bárbaro de quem sabe atirar", afirmou o deputado federal Chico Alencar à BBC Brasil.

O PSOL quer que a Polícia Federal acompanhe a apuração do crime, que está sendo conduzida pela Polícia Civil. Chico Alencar diz que no Brasil 90% dos homicídios ficam sem solução, mas que, se depender de seu partido, isso não vai acontecer com o caso de Marielle.

Em nota oficial, o Palácio do Planalto afirmou que acompanhará toda a apuração e que "o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, falou com o interventor federal no Estado, general Walter Braga Netto, e colocou a Polícia Federal à disposição para auxiliar em toda investigação".

Já a Secretaria de Segurança Pública do Estado informou que "determinou à Divisão de Homicídios ampla investigação sobre os assassinatos da vereadora Marielle Franco e de Anderson Pedro Gomes (motorista da vereadora), além da tentativa de homicídio da assessora que a acompanhava".