A votação das contas 2010 do ex-prefeito João Henrique Carneiro continua trazendo fortes emoções para a Câmara de Salvador. Nesta terça-feira, 23, à tarde o bafafá ficou por conta da presença de funcionários do Grupo Metrópole, especialmente de Chico Kertész, filho de seu principal dirigente, Mário Kertész. No último fim de semana o Jornal da Metrópole publicou fotos de 25 vereadores, incluindo três petistas, apontando-os como votantes a favor do ex-alcaide.
Houve bate-boca entre os representantes da empresa de comunicação e os vereadores Henrique Carballal e Moisés Rocha, do PT, enquanto discursavam na tribuna condenando a reportagem. O outro edil oposicionista citado na matéria de capa foi Luiz Carlos Suíca. As críticas chegaram até ao repórter Erik Issa, que cobre a CMS em seu dia a dia.
Para Carballal e Moisés, Chico Kertész compareceu à sessão apenas para provocar os políticos e tentar gerar um fato novo, como alguma possibilidade de agressão, afinal o jornalista nunca havia estado por lá antes.
Arnando Lessa (PT) informou que o presidente Paulo Câmara (PSDB) decidiu, durante a reunião do Colégio de Líderes, pela manhã, tomar medidas legais contra a Metrópole, através da Procuradoria Jurídica da Casa.
Lessa confirmou também a entrada na lista de votações desta quarta-feira, 24, das contas 2011 do ex-presidente Pedro Godinho (PMDB). O texto está travando a pauta que tem quase 300 matérias na fila, entre projetos de lei, moções, títulos de utilidade pública, sessões especiais e outros assuntos.
Pelo voto aberto
Em discurso, também nesta terça, Edvaldo Brito (PTB) defendeu a emenda à Lei Orgânica do Município (LOM) estabelecendo o voto aberto em caso de “deliberação sobre contas do prefeito”. A proposta prevê a exclusão de um item do Artigo 37 e foi apresentada simultaneamente por Brito e Paulo Câmara no encontro de líderes.
“Só queremos que subam nessa tribuna e justifiquem suas escolhas que devem ser feitas por razões técnicas. Eu as dei. Eu as darei. Apresentei a proposta, mas também subscreverei a de Paulo Câmara e aqui coloco à disposição as minhas justificativas jurídicas que definem o voto secreto como inconstitucional”, disse o petebista.
Ainda em prol do voto explícito Fabíola Mansur (PSB), agora na condição de líder de seu partido lançou uma campanha apoiada por toda a bancada de oposição pela adoção. A mobilização, segundo ela, está sendo compartilhada nas redes sociais desde segunda-feira, 22.
A socialista advogou a aprovação em caráter de urgência-urgentíssima do projeto do tucano Câmara: “Queremos agilizar o voto aberto. É muito importante que a gente comece logo a praticá-lo aprovando em caráter de urgência-urgentíssima a emenda”.
Fabíola quer ainda ampliar as situações do voto aberto, incluindo o julgamento de prefeito e vereadores: “Desta maneira vai ficar clara a posição dos vereadores, como nós votamos. Nós vamos estimular a transparência da Câmara, e é isso que o cidadão quer. É isso que nós queremos. Voto aberto já”.