Política

ASSEMBLEIA se solidariza com MST e uso democrático da terra no país

O presidente do Legislativo conversou com lideranças do movimento e lembrou ter conhecido Fábio da Silva Santos, assassinado há duas semanas em Iguaí
Tasso Franco , da redação em Salvador | 17/04/2013 às 19:19
Presidente Marcelo Nilo (PDT) fala para os integrantes do MST no pátio da ALBA
Foto: Moka
Os integrantes do Movimento dos Sem Terra, MST, que participam  de manifestações inseridas no Dia Internacional da Luta Campesina, 17 de abril, data do massacre de 22 agricultores em Eldorado dos Carajás, estiveram ontem à tarde na Assembleia Legislativa. Foram recebidos hoje na rampa de acesso ao Palácio Deputado Luís Eduardo pelo presidente Marcelo Nilo e os deputados do PT, Luiza Maia e Carlos Brasileiro, e o Sargento Pastor Isidório  (PSB) que solidarizaram-se com a luta desses agricultores em favor da reforma agrária.

O deputado Marcelo Nilo reafirmou o seu apoio – e do conjunto dos 63 deputados estaduais baianos – pela democratização do uso da terra na Bahia e parabenizou os militantes do MST presentes pela “organização, determinação e correção desse movimento pacífico que é motivo de orgulho dos brasileiros”. Explicou o caráter plural do parlamento, o embate diário das idéias no plenário e o compromisso de todos com o progresso e a justiça social para a Bahia e para os baianos. Em seguida colocou o parlamento à disposição dos agricultores sem terra para a luta justa que empreendem.

CRIME

O presidente do Legislativo conversou com lideranças do movimento e lembrou ter conhecido Fábio da Silva Santos, assassinado há duas semanas em Iguaí e que dá nome à marcha iniciada no dia oito, em Camaçari, em audiência no gabinete em 2010. Depois de lamentar a brutalidade do assassinato (foram 15 tiros), se comprometeu a lutar para evitar a impunidade dos sicários e dos demais envolvidos no crime. O deputado Marcelo Nilo lembrou ainda que tomou conhecimento da profundidade e da determinação da luta dos integrantes do MST em 1997, em Boa Vista do Tupim, na localidade conhecida como Beira Rio.

Na época integrava uma CPI sobre o Incra, organizada para inviabilizar aquela ocupação, que já tinha as terras doadas aos agricultores. Foi nessa oportunidade que conheceu o agora deputado federal Valmir Assunção(PT) – de quem foi e é parceiro. O presidente da Assembleia relatou o esforço que faz a administração do governador Jaques Wagner para minorar os efeitos da seca, a pior dos últimos 65 anos, e relatou o seu passado de 16 anos como oposicionista até chegar ao poder na campanha histórica de 2006. Ele encerrou o discurso lembrando os avanços obtidos nos últimos anos na Bahia, graças ao trabalho desse parceiro do MST que é o governador Jaques Wagner.

Primeira a recepcionar os agricultores sem terra, a deputada Maria Maia, frisou a sua história de apoio ao movimento e criticou duramente a concentração de terras baianas em mãos de poucos. Lembrou que a marcha começou em sua principal base eleitoral é um alerta para as condições em que vivem 25 mil baianos, espalhados por 281 acampamentos, “sob a lona preta” atrás de terra para trabalhar e produzir alimentos. A deputada do PT informou que existem 40 áreas prontas para assentamentos e registrou a diferença na correlação de forças existente na Câmara dos Deputados, onde o MST possui dois representantes, contra cerca de 100 da chamada bancada ruralista.

O deputado Carlos Brasileiro seguiu a mesma linha, criticando com dureza a violência que continua a ser cometida contra os militantes do MST e prometeu cobrar a ação da polícia para o esclarecimento desses crimes, além de apoiar as ações do grupo em toda a Bahia. O deputado Sargento Pastor Isidório foi pela mesma linha, hipotecando solidariedade irrestrita aos manifestantes, oferecendo o seu apoio para “apertar a Presidência da República para ampliar a reforma agrária no Brasil”.

O líder da “Marcha Fábio da Silva Santos”, Marcinho, relatou o encontro “decepcionante” que manteve ontem em Brasília com a direção do INCRA em busca de recursos para os agricultores enfrentarem esta seca, mas a intervenção do governador Jaques Wagner reabriu as negociações – que podem resultar no aporte de recursos adicionais para a Bahia. Os manifestantes ficaram cerca de uma hora na Assembleia, seguindo para o Tribunal de Justiça e em seguida para a Justiça Federal, onde estão dezenas de processos de emissão de títulos de posse.