A “pauta do dia” na tarde desta segunda-feira, 11, na Câmara de Salvador, foi a própria imprensa. As medidas de disciplinamento para acesso e circulação de repórteres e assessores parlamentares ao plenário, adotadas pela Mesa Diretora a partir de agora, terminaram gerando protestos entre aqueles que realizam acompanham os trabalhos da Casa.
O presidente Paulo Câmara (PSDB) e o primeiro secretário Arnando Lessa (PT) foram ao encontro dos profissionais para explicar a nova necessidade de diariamente se dirigir à Assessoria de Comunicação para obter crachá, antes de ir fazer a cobertura jornalística do legislativo.
Ao final das conversas a tensão se desfez, com os repórteres pontuando a carência de estrutura para o exercício de suas tarefas, como tomadas para ligar equipamentos eletrônicos e o mau funcionamento da internet sem fio existente no plenário. Além disso, sobraram reclamações quanto à adoção das normas sem diálogo prévio com a imprensa.
Contra o Alfa e Beto
Também nesta segunda representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB) utilizaram a Tribuna Popular para denunciar e pedir o apoio dos vereadores para a suspensão do programa Alfa e Beto.
Aladilce Souza e Everaldo Augusto (PCdoB), se solidarizaram com a reivindicação dos professores do município, representados pela diretora Jacilene Nascimento. Silvio Humberto (PSB), Gilmar Santiago (PT) e Hilton Coelho (PSOL) também se manifestaram a favor da causa.
A sindicalista fez duras críticas ao método, pois, segundo ela, “produz uma cultura sexista, racista e enfraquece uma luta histórica da Educação que propõe a interação com os alunos”. “Não podemos chamar de opcional o direito de ser racista. Isso não é direito, é um crime”.
Para Silvio Humberto, presidente da Comissão de Educação da Câmara, não basta “virar a página”, pois o programa tem um problema de matriz. “Uma visão de mundo que não respeita a adversidade; que joga por terra toda a nossa luta pelo respeito a esta diversidade”, disse.
Contra a Constituição
Na opinião de Gilmar Santiago o Alfa e Beto fere a Constituição do país, que proíbe qualquer tipo de racismo. Ele elogiou a mobilização da APLB Sindicato: “O verdadeiro papel do sindicato não é apenas lutar por melhores condições de salário, mas se mostrar como um sindicato-cidadão, que coloca a sociedade como prioridade. E a APLB Sindicato, ao discutir a questão dos métodos pedagógicos, se revela como uma grande entidade”.
A professora Arielma Galvão chamou a atenção para a não convocação dos aprovados no concurso público da Secretaria Municipal de Educação, realizado em 2010, recebendo a solidariedade de Everaldo Augusto: “Existe um grande déficit de professores, tem que contratar todos já!”
Mesmo posicionamento tomou Hilton Coelho, também integrante da Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Lazer: “A Educação Municipal passa neste momento por uma crise sem precedentes”. Aladilce Souza, ouvidora-geral da Casa, reconheceu o trabalho e a luta dos professores, que buscaram o apoio da Ouvidoria do Município, além de ingressar no Ministério Público e continuar mobilizados.