Fico muito preocupado com o direcionamento didático adotado pela Secretaria de Educação de Salvador, diz Luis Alberto
Carlos Eduardo , Salvador |
22/02/2013 às 11:57
“No ano em que a Lei 10.639, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas públicas e particulares, completa 10 anos de sancionada, nos deparamos com um caso absurdo como este na educação da cidade onde a população é de maioria negra”, manifestou-se o presidente da Frente Parlamentar Mista pele Igualdade Racial e em Defesa dos Quilombolas, o deputado federal Luiz Alberto (PT/BA) sobre o material didático do programa Alfa e Beto distribuído aos alunos da rede pública municipal de Salvador.
De acordo com denúncias feitas pelo presidente da Comissão de Educação da Câmara Municipal de Salvador, o vereador Sílvio Humberto (PSB), o material escolhido pela prefeitura para aplicação na educação dos alunos da cidade possui citações racistas. Em um trecho do livro didático, o edil destacou uma das passagens que evidencia a denúncia: “Fernanda tem duas bonecas. Uma é linda de se ver. A outra, coitadinha, é feinha de doer. A bonita tem cabelo loiro, todo ele trançado. Quando se puxa uma corda, vira a cabecinha para o lado. A feia tem pouco cabelo, de tanto que já foi puxado. Não tem pilha, não tem corda, não se move para o lado”.
Para o parlamentar baiano, esta denúncia só evidencia a falta de compromisso e respeito que o atual prefeito de Salvador, ACM Neto, e sua equipe, têm com a população soteropolitana. Luiz Alberto também lembrou que em seus discursos de campanha ACM Neto falou diversas vezes sobre seu apoio as lutas raciais e seu compromisso com esta agenda e com a implantação do Estatuto da Igualdade Racial no município.
“Fico muito preocupado com o direcionamento didático adotado pela Secretaria de Educação de Salvador. Estamos falando de crianças e jovens negros da rede pública. O material didático deveria ter a função de contribuir e auxiliar o processo de aprendizagem dos alunos e não de contribuir para fortalecer estereótipos, o racismo e, consequentemente, enfraquecimento da identidade e estima deles”, disparou.
“Este ano, a Lei 10.639 completou uma década de implementação no Brasil, ela sinalizou um vitória importante e significativa na luta travada pelo movimento negro brasileiro por uma educação não racista, inclusiva e referenciada nos valores identitários da população negra brasileira e africana. Não podemos permitir o retrocesso na capital baiana”, reforçou Luiz Alberto.