Os vareadores de Salvador mostram visões bastante diferentes do Carnaval, alguns com propostas para a próxima festa. Para Aladilce Souza (PCdoB), ouvidora da Câmara, a Casa precisa assumir seu papel de protagonista da festa: “Existe no Carnaval de Salvador um apartheid que incomoda e tem ainda a ocupação dos espaços públicos por empresas que lucram, e muito, com a festa. A espontaneidade está sendo perdida. Temos que mudar este modelo”.
Ela defende o resgate da espontaneidade da festa com maior participação popular, observando que o problema social permanece enraizado e os cordeiros e ambulantes estão dentro desse sistema de exclusão: “Temos que refletir sobre essa situação e ver quais políticas públicas podem ser aplicadas para reduzir as desigualdades”.
Lacunas
Depois de brincar os seis dias de folia, Henrique Carballal (PT), folião assumido, fez seu balanço crítico: “O Carnaval de Salvador precisa ser redimensionado, porque tem algumas lacunas que devem ser atendidas”.
Citou a implantação do Afródromo; a possibilidade de um novo circuito na orla (do Jardim de Alah ao Aeroclube), com camarotes privados, possibilitando à cidade ganhar para investir na educação; fim da cobrança de espaços nas filas do desfile, através de critérios; e impedir que os camarotes levem as âncoras do Carnaval, os grandes artistas, para tocar em seus espaços privados.
A discussão, segundo o petista, deve ser puxada pela Câmara e envolver o Conselho do Carnaval, a prefeitura e todos os órgãos públicos envolvidos na organização da festa.
Melhor
Na opinião de Duda Sanches (PSD), “o Carnaval deste ano, comparado aos anos anteriores, está melhor, e a tendência é melhorar cada vez mais, aprimorando a logística e a inclusão de novos circuitos”.
Serpentinas metalizadas
Euvaldo Jorge (PP) elaborou projeto de lei para proibir em Salvador a produção, distribuição, comercialização e uso de serpentinas metalizadas, cuja utilização representa sério risco de acidentes, quando lançadas na rede de energia elétrica.
Essa medida já foi adotada em outros municípios brasileiros, como em Minas Gerais, onde o assunto foi disciplinado por legislação estadual (Lei 20.374, de 10 de agosto de 2012). Lá, em fevereiro de 2011, aconteceu grave acidente com 16 mortes e 55 pessoas feridas no pré-carnaval realizado na cidade de Bandeira do Sul.
Essas serpentinas foram apontadas pela Coelba como a causa de dois apagões ocorridos na quinta-feira, 7, na Barra, em Salvador. "Felizmente, não houve feridos e o prejuízo ficou restrito à falta de energia", comentou o edil.
"A eliminação deste produto e similares dará maior segurança à folia", disse Euvaldo. "A alegria da festa não pode ser prejudicada por curto-circuitos registrados de forma tão frequente".
Investimentos elogiados
Gilmar Santiago (PT) elogiou o governo Wagner em financiar a festa na capital baiana: “Se não fosse o governo do estado essa festa não teria êxito. Foram investidos R$ 29 milhões na Secretaria de Cultura para o pagamento dos artistas, uma cota de patrocínio em torno de R$ 3.800. Além disso, foram gastos R$ 30 milhões na segurança pública, o que podemos perceber com a presença efetiva de policiamento nas ruas”.
Novo tempo
Para Joceval Rodrigues (PPS), líder do governo na CMS, a festa significou o “marco de um novo tempo. “É o início de uma nova gestão, um outro momento para a cidade de Salvador. Tenho certeza que o novo prefeito vai ajudar a elevar a autoestima da população”.
Carbono Zero
“O Carnaval de Salvador ainda tem muito o que melhorar, principalmente nas questões ambientais”, alertou Marcell Moraes (PV), defendendo um “Carnaval Carbono Zero”. Ele sugeriu também a criação de abadás biodegradáveis e criticou a degradação do mar durante a festa no circuito Barra-Ondina (Dodô): “Tem que se criar alternativas, colocar uma tela de proteção que evite a poluição marinha”.
Indignação
Luiz Carlos Suíca (PT) se disse indignado com o noticiário que ressaltou apenas a ação da Limpurb e “deixa de lado os trabalhadores das empresas terceirizadas como Revita, Torre, Jotagê e Amaral” pelo resultado de limpeza do Carnaval deste ano.
“Quem efetivamente recolheu mais de um milhão de toneladas de resíduos sólidos nos três circuitos de carnaval foram os funcionários dessas empresas. Quando apontou o dedo para acusar a falta de limpeza no centro de Salvador, veículos de comunicação, por exemplo, acusaram uma empresa terceirizada e, até mesmo, um gari que estava atuando no local. Por que na hora de elogiar não aponta também quem fez o trabalho. A Limpurb é responsável pela concessão e tem poucos funcionários no serviço de campo", brada o petista.
A direção do Sindicato dos Trabalhadores em Limpeza do Estado da Bahia (Sindilimp-BA), através do diretor Edson Conceição Araújo, acrescenta que a entidade tomou a iniciativa de negociar com as empresas as gratificações que serão pagas à categoria durante a Operação Carnaval que ocorre durante a maior festa popular da Bahia.
Policiais insatisfeitos
Soldado Prisco (PSDB) saiu em defesa dos policiais: “A minha expectativa era a melhor possível para o carnaval, mas a verdade é que os direitos dos policiais militares (PM) não estão sendo respeitados”.
Ele começou a fiscalizar as condições de trabalho dos colegas desde quinta-feira, 7. Durante a vistoria constatou alojamentos sem infraestrutura adequada, em péssimas condições, além de trabalhadores insatisfeitos com o pagamento de diárias de valor insuficiente.
Investimentos privados
Trindade (PSL) quer os empresários investindo mais na festa de momo de Salvador. Para o socialista, Governo do Estado e a Prefeitura devem reduzir os custos com a infraestrutura, que devem ser repassados para a iniciativa privada.
“No Rio de Janeiro, por exemplo, o Carnaval de rua está ganhando força a cada ano e quem custeia grande parte da infraestrutura da festa é a iniciativa privada. O modelo está dando certo e Salvador tem que lucrar com a festa, não apenas gastar, como tem ocorrido. Os investimentos da iniciativa privada ainda são modestos”, afirmou o edil.