Política

Após 51 anos de trabalho, 'Very Well' deixa Palácio do Planalto

José Maria Nazareth, 78, viu 13 presidentes passarem pelo poder.
Nesta quarta, se despediu de Dilma; João Goulart era o favorito.
G1 , BSB | 01/02/2013 às 10:23
José Maria com a família e a presidente Dilma Rousseff
Foto: Fabio Rodrigues
Foram treze presidentes da República desde que "Very Well" chegou ao Palácio do Planalto, há 51 anos. Em seu último dia de trabalho na sede do governo, o funcionário José Maria Nazareth, 78 anos, se orgulha em dizer que apertou a mão e tirou uma foto ao lado de todos eles, inclusive de Dilma Rousseff, "a última que faltava", diz o servidor.
No Palácio do Planalto, José Maria Nazareth é "Very Well", ou simplesmente "Very". 

O funcionário ganhou o apelido dos jornalistas do comitê de imprensa, de onde o assistente deve se despedir nesta sexta-feira (1º). Very Well no Planalto, mas "Zezé" na família. "Ele é o caçula, por isso os irmãos chamam ele assim", conta a filha, Patrícia de Faro Nazareth.

O apelido estrangeiro veio das expressões em inglês que arrisca de vez em quando no trato com os jornalistas. As mulheres, ele chama de "Mary", os homens, de "Michael" ou de "Johnny", hábito que não vem de hoje.  "Quando a gente era pequeno, a turma de crianças saía de casa e ia pra rua, ele gritava para a gente: 'come on, kids'", diz Patrícia, rindo, ao dizer que o pai é brincalhão com qualquer pessoa.

José Maria começou a trabalhar no Palácio do Planalto como contínuo no gabinete presidencial em 1961, requisitado da antiga estatal Conerj (Cia de Navegação do Estado do Rio de Janeiro). Durante o governo Figueiredo, em 1985, passou a trabalhar no comitê de imprensa, onde acompanhava jornalistas aos andares de circulação reservada, fazia clipping, atendia telefone, entre outras tarefas.

Nos últimos tempos, após 27 anos no comitê, sua tarefa era organizar os jornais de uso comum dos jornalistas. Chegava ao Planalto ás 9h e voltava para casa às 14h ou 15h. 

Aposentado desde 1996, decidiu pedir exoneração do cargo de comissão que desfrutava na Presidência porque diz ter chegado "na idade". "Estou mais para lá do que para cá".

A família tentava o convencer a deixar o trabalho há dois anos. "Agora é nosso momento de curti-lo, porque realmente para ele chegar aonde chegou foi com muito trabalho, muito tempo fora de casa", comemora Patrícia, uma das sete filhas de Very. Netos, são 14. "Os netos estão chegando. Agora ele vai poder estar mais perto".
Despedida

Nesta quarta-feira (31), ele cumprimentou pela primeira vez Dilma Rousseff, momento organizado rotineiramente pela assessoria do Planalto para funcionários que estão se aposentando ou trocando de cargo conhecerem a chefe e tirarem uma foto.