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Zé Neto (gravata vermelha) fará oposição por decisão das urnas; Geilson aposta no sucesso
Foto: BJÁ
O deputado Zé Neto (PT) confidenciou ao BJÁ ontem, na Assembleia Legislativa, que fez o que pode nas eleições municipais de Feira de Santana e vai se posicionar, de acordo com a vontade popular expressa nas urnas, na oposição ao governo José Ronaldo de Carvalho (DEM), eleito no 1º turno com 66.04% dos votos (195.967). "Vai ser uma oposição criteriosa, responsável, em defesa da cidade", acrescenta.
Zé Neto obteve 18.65% dos votos (55.337), Jhonatas Monteiro, do PSOL, 9.21% (27.317 votos) e o prefeito Tarcizio Pimenta (PDT), 6.1% dos votos (18.100). O deputado petista comenta que não acredita num bom governo de José Ronaldo e aposta que as dissidências internas vão acontecer o mais cedo do que se supõe, "porque há uma coalização enorme e as cobranças vão começar logo-logo".
Para o deputado Carlos Geilson, PTN, que participou desse ping-pong com o BJÁ ao lado de Zé Neto (vide foto) a aposta no governo de Ronaldo é inversa a do petista. "Nosso prefeito eleito vai ter dois meses aí para arrumar a casa e logo-logo começa a decolar", expõe com as mãos apontando um voo para o alto. Geilson assegura que Ronaldo é bastante experiente na politica, habilitoso, e vai comandar a coalização de alianças que o elegeu sem traumas.
Na opinião do ex-deputado Colbert Martins, com quem também conversamos na Assembleia, considerando a "moradia" de Wagner em Feira, a ida de Lula, as ações do governo no município, "Zé Neto teve uma votação pifia menor do que a de Sérgio Carneiro (PT), em 2008, (19% dos votos - 55.000) o qual não obteve nada disso" (os apoios tão explicitos de Wagner/Lula). Portanto, na opinião de Colbert, o PT não avançou em Feira.
CIDADE INSUBMISSA
Carlos Geilson vai adiante e diz que Feira tem um eleitorado insubmisso, imune a influências externas, "mesmo quando ACM era o 'monstro' na politica não conseguia influenciar". Agora, segundo Geilson, a "influência de Wagner e Lula foi praticamente nula porque o eleitorado local está muito vinculado às lideranças locais, ao trabalho de cada qual", assegura.
Zé Neto não admite esse viés e diz que seguirá seu caminho com o apoio de Wagner/Lula e reconhece que, nas últimas eleições, sofreu bastante com pelo menos três fatores: o enfrentamento da máquina municipal (segundo ele ainda controlada por Zé Ronaldo) e as greves da PM e dos professores. Além disso, uma denúncia que considera "infundada e irresponsável" sobre um provável "mensalinho" que teria praticado fez com que perdesse tempo na defensiva.
Considera, no entanto, que o PT e coligados avançaram tanto que a coligação elegeu 4 vereadores e o PT três deles - Pablo Roberto, Beldes e Nery. "Temos campo para crescer e somos, hoje, em Feira, a segunda força política", comenta.
E O QUE TERIA ACONTECIDO
COM PREFEITO TARCIZIO PIMENTA?
Zé Neto tem uma explicação objetiva sobre Pimenta. Diz que o prefeito e José Ronaldo e Tarcizio são o mesmo "ente" politico, Tarcízio tentando ser uma "nova liderança" e Ronaldo manobrando a máquina e o "desgastando por dentro". Segundo Neto, quando Tarcízio acordou (se é que acordou) já era tarde.
Geilson entende que Tarcízio errou desde o inicio da sua gestão quando teve o apoio de Zé Ronaldo para sua eleição, em 2008, e quis se dissociar do "líder" para criar um novo ambiente, colocando sua esposa como candidata a deputada.
Há, ainda, nesse contencioso, segundo análise mais geral, o fato de Tarcizio não cumprir palavra e ser muito amigo de empreiteiros na condução de obras.
Zé Neto admite que, embora sabendo que Tarcizio é um mesmo "ente" de Ronaldo o poupou durante a campanha, em criticas, etc, porque imaginava que ele tivesse uma melhor votação e o levasse ao segundo turno. "Teve um momento de euforia em nossa campanha, independente de uma provável ajuda de Tarcízio no plano de percentual de votação, que vislumbramos um segundo turno", frisou.
COMENTÁRIO DO BJÁ
A eleição em Feira de Santana como aconteceu também em Salvador e outras grandes cidades teve um componente novo, imperceptível pelos candidatos durante a campanha, que foi o avanço do PSOL.
Ninguém poderia imaginar que o professor Jhonatas Monteiro obtivesse 9.21% dos votos válidos (nenhum instituto tb viu isso), algo em torno de 27.317 votos, o que o credencia numa análise mais estadual a ser forte candidato a deputado estadual pelo PSOL, em 2014.
Isso também significa dizer que, além de Zé Neto na oposição a José Rinaldo, o PSOL vai se posicionar nessa direção longe do PT, PSB e PCdoB e ocupar seu espaço.