(Por Limiro Besnosik)
Com mais de 50% de renovação, a Câmara de Salvador apresentará novo perfil a partir de janeiro de 2013. Veteranos de vários mandatos como Pedro Godinho e Sandoval Guimarães (PMDB), Paulo Magalhães Jr. (PSC), Téo Senna (PTC), Gilberto José (PDT), Vânia Galvão, Marta Rodrigues e Alcindo Anunciação (PT) ficaram de fora do Legislativo.
Em compensação, o Plenário Cosme de Farias receberá estreantes como Hilton Coelho, primeiro vereador eleito pelo PSOL na capital baiana, vice-campeão de votos, com 16.408 eleitores. Terá ainda a presença de Vado Malassombrado (DEM), que chega à CMS com apenas 4.059 votos.
Outra surpresa foi o excelente desempenho do Partido Trabalhista Nacional (PTN), fazendo a segunda maior bancada (seis edis), logo depois do PT (sete). No contraponto, o PMDB caiu de seis para apenas duas vagas (Pedrinho Pepê e Alfredo Mangueira).
Desgaste político
Para Téo Senna, líder do governo João Henrique na Câmara, a elevada taxa de restruturação é natural, em função de fatores como a desistência em concorrer de cinco atuais vereadores, o momento ruim vivido pelo prefeito e o desgaste da própria classe política, cujo reflexo, em sua opinião, foi sentido no alto índice de abstenções e nos votos em branco e nulos.
O trabalhista cristão, apesar de não reconduzido ao mandato, se diz otimista quanto aos destinos da CMS, especialmente com a chegada de personalidades como o ex-governador Waldir Pires (PT) e o vice-prefeito Edvaldo Brito (PTB).
Quanto à apreciação das contas 2010 de JH Senna prevê um aumento de dificuldades em sua aprovação diante do novo quadro no Legislativo municipal. Segundo ele, o assunto só deverá ser encaminhado após o segundo turno das eleições, com as negociações no Colégio de Líderes, mas ele vê obstáculos com o desinteresse dos edis integrantes da base governista que não conseguiram ser reeleitos.
Tendência de esquerda
Apesar de lamentar a ausência de companheiras de larga experiência como Vânia Galvão e Marta Rodrigues na próxima legislatura. Gilmar Santiago (PT) comemorou a própria vitória e apontou como positivo o perfil com tendência esquerdista da Casa. Para ele, legendas como o Partido Socialista Brasileiro (PSB) passaram agora a ter representantes mais identificados com a sua ideologia original.
O petista vê no crescimento do PTN a ocupação dos espaços abertos deixados pelo PMDB, a partir do trabalho de organização realizado pelo deputado João Bacelar, presidente trabalhista na Bahia. O Democratas, a seu ver, está apenas readquirindo posições que sempre teve na capital baiana.
Um dos dois eleitos pelo PSB, Silvio Humberto chega pela primeira vez à CMS por conta do trabalho realizado à frente do Instituto Cultura Steve Biko. Mas de acordo com suas contas, os 4.123 votos foram pulverizados por várias regiões da cidade, com alguma concentração na Rua Souza Uzel e na Fazenda Garcia, áreas onde viveu e sempre realizou trabalhos sociais.
O vereador eleito é economista de formação, com mestrado e doutorado e pretende dedicar seu mandato a encontrar alternativas de trabalho e renda para a população soteropolitana, com também propor soluções para melhorar a educação e as desigualdades sociais e raciais.