Com 100% dos votos apurados, o candidato do PSB, Geraldo Júlio, está matematicamente eleito no primeiro turno como prefeito do Recife. O pedetista alcançou 51,15% dos votos válidos, contra 27,65% do tucano Daniel Coelho. O representante do PT, senador Humberto Costa, ficou em terceiro, com 17,43%. Com esse resultado não há mais possibilidade de mudança no cenário.
O candidato do DEM, Mendonça Filho, ficou em quarto lugar, com 2,25%. Logo depois, vem Roberto Numeriano (PCB), com 0,76%. Edna Costa (PPL), com 0,30%, Jair Pedro (PSTU), com 0,24%, e Douglas Sampaio (PRTB), com 0,23%. Brancos somaram 4,57% e nulos chegaram a 4,80%.
O vencedor do pleito é administrador de empresas com especialidade em gestão pública, e tem 41 anos. Esta é a primeira eleição de Geraldo Júlio. Ele começou a carreira como leiturista da companhia de água, é funcionário público do Tribunal de Contas do Estado e foi secretário da Fazenda de Petrolina, a 800 km do Recife, antes de se tornar secretário de Estado no governo Eduardo Campos (PSB). Casado com a pediatra Cristina Mello, tem três filhos e mantém uma vida discreta, entre o Recife e Limoeiro, cidade natal da família de sua mulher.
Sua candidatura nasceu a partir de uma decisão de Eduardo Campos, que buscou se contrapor ao seu até então aliado municipal, estadual e federal, o PT. O nome de Geraldo Júlio e, principalmente o apoio do governador, formalizaram de imediato uma coligação com 14 partidos, a Frente Popular do Recife. Fora da aliança, o PT manteve sua disputa interna (e a mantém até hoje) e as oposições foram surpreendidas.
Nesse ambiente, Geraldo Júlio iniciou sua campanha como candidato desconhecido e passou a ser identificado como o nome que fez vários dos programas bem-sucedidos do governo do Estado. O jargão publicitário "Foi Geraldo que fez" pegou tanto, que ganhou as redes sociais e se tornou uma brincadeira. "As pirâmides do Egito? Foi Geraldo que fez".
Suas maiores dificuldades ocorreram no final da campanha, quando os adversários pegaram como mote a Parceria Público Privada (PPP) do saneamento, um programa estadual "que Geraldo fez", e montaram diferentes inserções avisando aos eleitores que a conta da água iria aumentar ou que o governo teria de destinar recursos públicos para a companhia gestora da PPP.
Também no fim da campanha passou a sofrer uma ameaça maior do candidato Daniel Coelho (PSDB), que possui um discurso mais simples e fácil de ser compreendido pelos eleitores menos instruídos e cresceu no rastro da novidade, que dominou as eleições municipais nos grandes centros do País. No Recife, um jovem deputado estadual do PSDB é novidade, pois a tradição no Estado envolveu uma aliança PMDB-DEM por quase vinte anos em contraposição a aliança PSB-PT (nessa ordem).
Outra grande novidade dessa campanha, senão a maior, foi a aproximação do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) do governador Eduardo Campos. Os dois eram adversários figadais. Eduardo impôs uma derrota a Jarbas Vasconcelos, em 2010, com uma diferença superior a 2 milhões de votos. Em nível federal, Eduardo foi aliado do ex-presidente Lula e continua a ser com a presidente Dilma Rousseff. Jarbas foi crítico sistemático do governo Lula e mantém oposição ao governo federal, mesmo sendo do PMDB.