Política

CEMITÉRIOS MUNICIPAIS DIFICULTAM ENTERROS NO SUBÚRBIO FERROVIÁRIO

| 16/03/2012 às 16:42
Audiência serviu para discutir situação dos cemitérios municipais
Foto: Valdemiro Lopes
Parece brincadeira de mau gosto, mas é verdade: a população do subúrbio ferroviário está cada vez menos sem ter onde cair morta. Foi o que ficou evidente na audiência pública realizada nessa quinta-feira, 15, no auditório do Edifício Bahia Center, anexo da Câmara de Salvador, quando se discutiu a situação dos cemitérios municipais da região.

Moradores e representantes de associações de Plataforma e outras localidades suburbanas demonstraram indignação e protestaram contra o quadro de abandono. O vereador Giovanni Barreto (PT), autor da convocação do encontro, também mostrou-se preocupado com a atual precariedade dos locais, especialmente em Plataforma.

Marcos Braz Pires, coordenador de Serviços Diretos da Secretaria Municipal de Serviços Públicos e Prevenção à Violência (Sesp), apontou a verticalização como solução para a superlotação das necrópoles e garantiu existir projeto nesse sentido em elaboração na Prefeitura, onde os túmulos são dispostos uns sobre os outros e em andares para as visitações.

Cremação gratuita

A reunião pelo menos serviu para agendar um encontro para a próxima quinta-feira, 22, às 13 horas, com representantes da Sesp e associações de bairros. Na ocasião serão levantados detalhes sobre o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado entre o Cemitério Jardim da Saudade e o Ministério Público do Estado, prevendo a ocupação de 30% das vagas em necrópoles particulares pela população carente.

De acordo com Braz Pires, pessoas de baixa renda têm acesso ao serviço de cremação gratuita em Salvador, através de parceria lançada entre a Secretaria e o Jardim da Saudade, em março de 2009. Como a empresa não cumpria a lei municipal 3.377/1984, que determina a destinação de 30% das vagas para a população de baixa renda, foi assinado o TAC, prevendo a cremação gratuita de dois corpos por dia.

A estimativa naquele ano era realizar 400 cremações, mas apenas 12 pessoas utilizaram o serviço em três anos. “Culturalmente falando, a população ainda não aceita com naturalidade este tipo de serviço, por isso a falta de procura”, explicou Giovanni Barreto. O petista, porém, promete se aprofundar na questão para apurar possível discriminação dos cemitérios particulares contra a população carente.

Participaram do debate, ainda, representantes dos Amigos de Plataforma (Ampla) e Jorge Paiva, presidente do Clube Recreativo do mesmo bairro.