A Assembleia Legislativa realizou ontem sessão especial para comemorar os 200 anos da imprensa na Bahia. O evento foi proposto pela deputada Luíza Maia (PT) e reuniu representantes de diversos segmentos da comunicação baiana, além de autoridades civis e militares.
"Nutro profundo respeito pelo papel social exercido pelos mais diversos veículos de comunicação, que são vitais para a consolidação da democracia", declarou a parlamentar em seu pronunciamento de abertura, destacando que não "há democracia sem uma imprensa forte e vice-versa". A data refere-se à impressão do primeiro jornal baiano, o Idade d'Ouro, em 14 de maio de 1811.
Luíza Maia adiantou o que seria tratado por outros palestrantes ao longo da tarde, defendendo o direito à informação de forma livre, soberana e universal. "Por mais negativa e contrária que seja a notícia, tenham certeza de que ela é muito melhor do que a falsa-verdade oriunda do crivo dos censores", disse.
O pronunciamento rápido e direto de Luíza influenciou quase todos os seguintes, o que repercutiu em uma sessão ágil e participativa, em que se viu uma grande diversidade de opiniões sobre a formação e a situação atual da atividade no país e no estado. Para o presidente da UPB, Luiz Caetano, "chegamos a um bom momento na comunicação baiana". Ele lembrou da modernidade representada pela internet, mas afiançou que não abre mão de ter diariamente exemplares dos jornais A Tarde e Tribuna da Bahia para ler. "Temos problemas, mas estamos avançando." CONCENTRAÇÃO O secretário de Comunicação do estado, Robinson Almeida, iniciou o último discurso do evento elogiando Luíza Maia pela iniciativa e "pela capacidade de gerar fatos políticos e trazer ao debate no Parlamento". Ele destacou o papel do rádio como o principal produtor de conteúdo noticioso na Bahia atualmente. Em relação às televisões, lamentou que esta produção esteja muito concentrada e verticalizada e defendeu que um mínimo de 30% da programação seja feita no estado.
Segundo ele, a recente regulamentação do Conselho de Comunicação e a criação da própria pasta da qual é titular são avanços alcançados no estado, em função das ideias geradas pelas conferências promovidas pelo governo para tratar de comunicação, que reuniram mais de duas mil pessoas.
O diretor da Faculdade de Comunicação da Ufba, Giovandro Ferreira, fez um paralelo entre o desenvolvimento da democracia e da imprensa no mundo, citou o filósofo Marshall Macluhan ao considerar que a mídia forma verdadeira prótese técnica do ser humano para concluir defendendo a democratização das comunicações.
A situação atual das redações baianas foi abordada pela presidente do Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba), Marjorie Moura. Ela criticou a precarização da profissão, após a Justiça considerar desnecessário o diploma para a atividade, e denunciou más condições de trabalho, com jornadas exaustivas, que vão muito além das cinco horas diárias.
O presidente da ABI, Walter Pinheiro, disse que "todos hoje podemos ser jornalistas", dada à facilidade tecnológica para oferecer informação e imagem para o mundo. Nesse aspecto, ele disse que é preciso defender a ética na imprensa.
Representantes de organizações não-governamentais, Ricardo Luzbel, presidente da recém-criada Associação Baiana de Jornalismo Digital, e Joviniano Neto, do Grupo Tortura Nunca Mais, avaliaram o trabalho da imprensa sob a ótica de suas organizações.
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