Mais de 80 casos de racismo, violência e homofobia foram registrados pelo Observatório da Discriminação Racial da Violência contra a Mulher e LGBT no carnaval deste ano em Salvador. Entre eles, o que mais chamou atenção, foi o caso de Daniel Andrade, de 39 anos, jogado de um ônibus em movimento próximo a Estação Pirajá, supostamente por crime de homofobia. Motivos não faltaram para a vereadora Vânia Galvão, líder do PT na Câmara Municipal de Salvador, ter enviado Projeto de Indicação ao Prefeito João Henrique, na última segunda-feira (11), para criação do Grupo de Trabalho de Combate à Homofobia no Município de Salvador.
"De forma pioneira, outros municípios brasileiros têm implantado ao longo dos últimos anos o GT multidisciplinar, voltado à formação de políticas públicas de atendimento à população LGBTT. Como exemplo, destaco a iniciativa da cidade de Fortaleza, que implantou o GT no âmbito da Guarda Municipal", reforça Vânia.
A criação do Grupo tem como objetivo executar atividades de segurança pública com a elaboração de diretrizes e recomendações preventivas e repressivas a ações de violência homofóbica. "A inexistência de políticas públicas, específicas e alternativas, de combate a essas práticas pela sociedade contribui para o aumento da violência destinada aos cidadãos e cidadãs LGBTT, e não podemos ficar inertes. Vamos pensar juntos nas soluções e no que pode ser feito para diminuir esses índices negativos da nossa cidade", declara a vereadora.
Vânia destaca ainda, que é dever dos entes da Administração Pública intervir, direta ou indiretamente, através de meios que viabilizem o efetivo cumprimento de políticas cidadãs, para o alcance de melhor tratamento e qualidade de vida a indivíduos estigmatizados no convívio social.
Ranking da violência
De acordo com o Grupo Gay da Bahia (GGB), o Brasil registrou 260 casos de homicídios contra gays e travestis em 2010, aumento de 31% em relação ao ano anterior. Em média, um homossexual foi morto no Brasil a cada um dia e meio. Pelo segundo ano consecutivo, a Bahia foi o Estado que registrou o maior número de casos, com 29 assassinatos (15 gays e 14 travestis), seguido por Alagoas (24 casos), Rio de Janeiro e São Paulo (23 casos cada). Entre os municípios, Salvador aparece na segunda posição em homicídios de homossexuais, com oito mortes, ficando atrás apenas de Maceió.