Política

VEREADOR PROMOVE ENCONTRO SOBRE DESAFIOS DO PLANEJAMENTO URBANO

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| 03/04/2011 às 09:53
As obras de mobilidade urbana para a Copa 2014 e a nova revisão do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) foram alguns dos assuntos debatidos hoje (2) no seminário "Desafios do planejamento urbano de Salvador e RMS", promovido pelo vereador Gilmar Santiago (PT), no Centro Cultural da Câmara Municipal, que ficou completamente lotado, com a presença de lideranças sindicais, políticas e comunitárias.

"Planejar é antecipar-se aos problemas", considerou o urbanista Luis Antonio Souza, professor da Universidade Estadual da Bahia (UNEB). Ele explicou que o planejamento é um "instrumento de concertação social", por isso deve trabalhar com perspectivas de médio e longo prazo; e se o PDDU de Salvador sofre constantes revisões - foi revisto em 2004 e 2008 - isto é indicador da fragilidade do plano.

"O PDDU de 2008 foi debatido e aprovado na noite de Natal.  Como planejar a cidade se as leis que orientam o crescimento urbano são aprovadas sem debate e mudam a cada quatro anos"? questionou Luis Antonio.

O urbanista afirmou que "os indicadores sociais de Salvador são terríveis, perversos e injustificáveis numa cidade de 462 anos". Para o professor da UNEB isto decorre do fato da cidade "está sendo pensada sempre na perspectiva dos negócios, como local de oportunidades de ganhos para o setor imobiliário e de transportes" acusou. Luis Antonio disse também que Salvador já teve "cultura de planejamento", mas a relação negocial "leva o planejamento para o lixo".

O professor considera que existem dois tipos de urbanismo, o da globalização e o do cidadão. Segundo ele, o primeiro é imediatista e concentra-se em fazer obras para atender a disponibilidade de recursos (como se vê agora com a Copa 2014). "Neste tipo de urbanismo, tudo deve ser privatizado, as obras prescindem de estudos amplos e de corpo técnico qualificado no âmbito do poder público", comentou.

Diferentemente, afirma Luis Antonio, o chamado "urbanismo do cidadão" pensa o espaço público em todas as suas dimensões, reconhece os direitos dos cidadãos e visa produzir uma cidade democrática. Ele acredita que o projeto do "ônibus rápido" (BRT), que deverá ser implantado para atender aos deslocamentos do aeroporto para a Arena Fonte Nova durante a Copa, irá aprofundar as desigualdades sociais, produzirá deslocamentos territoriais dos mais pobres e adensamento indesejável de áreas que não deveriam ser mais adensadas  "É impossível pensar o sistema de transportes públicos, por exemplo, sem levar em conta outras dimensões do território e do uso do solo", considerou.