A sucessão do prefeito João Henrique (PP) está na ordem do dia. A imprensa tem comentado o tema porque, nos bastidores da política, há uma movimentação intensa de pré-candidatos, organizam-se assessorias e, cada qual, no âmbito partidário, procura se posicionar para não perder espaços.
Geddel Vieira Lima, PMDB, está abraçando Salvador em peças de outdoor; Walter Pinheiro, do PT, saúda a capital, com megabanner; Nelson Pelegrino, PT, está em campo; ACM Neto, DEM, e Antonio Imbassahy, do PSDB, conversam; Edvaldo Brito, PTB, organiza-se; o PCdoB já anunciou pré-nomes com Alice Portugal e Olívia Santana; PRB, em bastidores, fala no nome de Raimundo Varela; PP no nome de João Leão; PDT, Marcos Medrado. Enfim, existem pré-candidatos para todos os gostos.
A senadora Lídice, que até então vinha calada, acompanhando o desenrolar dos acontecimentos "interna-corporis", decidiu, apimentar o pré-processo sucessório anunciando que o PSB vai disputar a eleição como candidato cabeça da majoritária. É uma novidade e tanto porque, sozinho, com magro tempo na TV, o PSB não vai a lugar algum. Mas, coligando-se com outros partidos e sendo Lídice a candidata "cabeça", a chapa passa a ser competitiva.
Lídice é um fenômeno na política. Emergiu das bases estudantis e depois de deputada federal constituinte, 1988, elegeu-se primeira prefeita de Salvador, pelo PSDB. Feito e tanto. Foi considerada a pior administração do país (1993/1996), entre as pesquisadas pelo DataFolha, e Salvador sofreu o"pão que o diabo amassou". Parecia um monturo tal era a quantidade de lixo e ratos nas ruas e avenidas.
Em 1998, elegeu-se deputada estadual. Trabalhou a recuperação de sua imagem, consubstanciada na tese de que sofrera perseguições por parte de ACM, manteve-se na oposição ao "carlismo" e chegou a Câmara dos Deputados, em 2002, com boa votação na capital. Em 2006, repetiu a dose e estourou em votos em Salvador. Quatro anos depois, beneficiada por desistências de Otto Alencar e César Borges na chapa de Wagner, elege-se senadora da República.
Há de se dizer que o movimento Lula/Dilma/Wagner elegeu Lídice. É verdade. Sem isso seria impossível. Mas, também se deve situar os méritos de Lídice porque, além de ser política, estar inserida no contexto da política, é um nome respeitável, de peso, e que soube e teve competência para interpor seu desejo de ser senadora, quando o processo ainda estava em andamento. Não caiu de pára-quedas.
Agora, Lídice faz novo movimento em direção ao Palácio Tomé de Souza. A provável candidatura étnica por ela acenada é apenas "o bode na sala". Esta história de candidato negro, de povo-de-santo e congêneres não vinga. Salvador é plural e enigmática. Já elegeu um judeu, Mário Kértész, aclamado nos braços do povo; e um evangélico, João Henrique, duas vezes. Só lembrando, a atual administração passou tratores num terreiro de candomblé. inclusive nas imagens dos orixás.
Então, o nome do PSD é Lídice. E isso assusta e atormenta o PT, pelo menos no 1º turno. Hoje, se o Ibope ou o DataFolha fizer uma pesquisa não tenho dúvidas que os nomes mais citados serão ACM Neto, Lídice, Imbassahy, Pinheiro/Pelegrino e Varela. Pode não ser nesta ordem, mas, são os competitivos. No mais são balões de ensaio e desejos.