No dia em que o movimento de mulheres na Bahia comemorou a assinatura pelo governador Jaques Wagner da criação da Secretaria Estadual da Mulher, nesta quarta-feira (30), a vereadora Olívia Santana (PCdoB), ouvidora da Câmara Municipal, chamou a atenção, em sessão ordinária, para o retrocesso e o preconceito contidos na fala do deputado federal Jair Bolsonaro, veiculada na segunda-feira (28) no programa CQC, da TV Bandeirantes.
"Bolsonaro chamou de promiscuidade a possibilidade de um homem branco se apaixonar por uma mulher negra", disse a vereadora Olívia, que é uma das fundadoras da Unegro - uma das maiores organizações de combate ao racismo do Brasil.
Questionado pela cantora Preta Gil sobre qual seria a reação do deputado, caso um filho dele namorasse uma mulher negra, ele respondeu: "Preta, eu não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco e meus filhos foram muito bem educados. E não viveram em ambientes como lamentavelmente é o teu".
Devido à declaração do deputado federal, Olívia Santana entrará com uma representação contra Bolsonaro no Ministério Público Federal. "Trata-se de mais uma demonstração de quanto o racismo é vil neste país. Jair Bolsonaro não ofendeu apenas Preta Gil, mas todas as mulheres negras. Ele deve ter o seu mandato cassado, já que quebrou o decoro parlamentar e cometeu um crime em rede nacional", destacou a vereadora.
Olívia Santana também afirmou que enviará, em nome da Ouvidoria da Câmara Municipal de Salvador, carta ao presidente da Câmara de Deputados sobre a ofensa cometida por Bolsonaro às mulheres negras. "Racismo é crime inafiançável. O deputado deve ser penalizado por isso", completou a vereadora.