Política

LÍDER DO PT DIZ QUE CESTA DO POVO SE EXAURIU E OPOSIÇÃO CABE NUM FUSCA

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| 29/03/2011 às 11:28
Deputado Yulo Oiticica, líder do PT, fala com exclusividade ao BJÁ
Foto: BJÁ
 

O deputado estadual Yulo Oiticica, líder da bancada do PT na Assembleia Legislativa da Bahia, em entrevista exclusiva ao BJÁ disse que o modelo da Cesta do Povo se exauriu e precisa ser repensado. "Acabou. Não tem mais sentido como órgão regulador , para equilibrar o mercado".


Yulo, um dos mais experientes parlamentares da ALBA, líder do PT pela segunda vez, admite que, para o processo democrático, não é salutar uma base aliada tão ampla como acontece na atualidade, na ALBA. "A oposição tem papel relevante em qualquer democrática. Hoje, aqui na Bahia, cabe dentro de um ‘fusca' e nos deixa com grande folga para trabalharmos".


Em seu quarto mandato, vice-líder da Bancada da Maioria na Legislatura passada, Oiticica vê com péssimo olhar uma candidatura do deputado Marcelo Nilo a um provável quarto mandato consecutivo na Casa Legislativa. "Não é bom nem para ele, que pode ficar com pecha antidemocrática, nem para o parlamento".


Entende, em suas análises sobre a administração Wagner, que considera bastante produtiva em todos os aspectos, que ainda sofre com as dívidas sociais do passado. "O governo da Bahia, hoje, definiu que todas as obras que estão em curso devem ser concluídas, para, então, serem iniciados novos investimentos".


 Yulo admite restrições ao voto aberto, em polêmico projeto do fim do ao voto secreto que tramita na Assembleia, defende o projeto Pacto Pela Vida com ações sociais e transversais de governo, não vê possibilidade de uma "Guerra Santa" diante da criação da bancada católica na Casa, e não admite ser candidato a prefeito de Valença, em 2012. "Vamos buscar a unidade por lá, pois, Valença precisa caminhar. Está estagnada".


O deputado  Yulo preside, ainda, a Frente Parlamentar de Políticas Públicas e Juventude; e a Frente Parlamentar de Defesa da Assistência Social. Seu mandato é marcado pela defesa e promoção dos Direitos Humanos . Nesta quinta-feira, 30, no Sindicato dos Químicos e Petroleiros, Nazaré, Salvador, promove o debate "O Haiti precisa de médicos, enfermeiros e várias formas de ajuda, não de tropas" com a presença de Fignolé St-Cyr, secretário Geral da CATH - a Central Autônoma dos Trabalhadores do Haiti.


Na presidência da Comissão de Direitos Humanos denunciou, em nível nacional e internacional, a atuação dos grupos de extermínio na Bahia. É autor da lei que instituiu o Dia do Combate aos Homicídios e Impunidade.


ALGUNS PENSAMENTOS DE YULO

SOBRE DIVERSOS TEMAS


DÍVIDA SOCIAL

A dívida social deixada pelos governos anteriores a Wagner ainda é grande nas estradas, saúde, educação e outros segmentos. Isso só mudará com políticas de estado e é isso que Wagner está fazendo. Veja na saúde com a implantação de hospitais de base no interior. Salvador não tem um hospital municipal e o cidadão perdeu a unha ou tem um traumatismo craniano vai para o HGE.


SEGURANÇA-1

É um dever do Estado e de toda a sociedade e os prefeitos não podem dizer que estão fora. Ao contrário, estão dentro. Têm deveres e responsabilidades. A Constituição Federal de 1988 foi boa para aquele momento. Hoje, há uma colcha de retalhos que precisa de uma Nova Assembleia Constituinte para por ordem na Casa. Há problemas de ordem legal e cultural. E cada qual diz que tem tal e qual responsabilidade.


SEGURANÇA-1

Recentemente houve uma crise em Valença (cidade do Baixo Sul da Bahia) e o prefeito disse que a culpa era do Estado que não mandava policiais. É uma irresponsabilidade. As soluções têm que ser pensadas em conjunto, governos federal, municipal e estadual.


LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL

Sou favorável a supressão desta lei. É uma espécie de impedimento para se investir menos em obras sociais e sobrar investimentos para os agiotas internacionais. A pessoa eleita pela população tem a legitimidade da confiança e cabe ao Poder Judiciário lhe punir ou não, em casos de prováveis desvios de conduta.


MINISTÉRIO PÚBLICO

Não cabe gestar a lei. Um Termo de Ajuste de Conduta precisa sempre ser discutido com a sociedade. O processo de amadurecimento passa pela ação conjunta da sociedade. O MP não pode mandar fechar um matadouro numa determinada cidade. Tem que antes discutir com as comunidades.


PRIVATIZAÇÕES DAS ESTRADAS

É um debate caro. Votei contra a PPP - Parceria Público Privada. Não acredito que o capital privado vá resolver.  Na ponte Salvador-Itaparica, por exemplo, tem que amarrar muito bem os custos benefícios com as áreas social e educacional. O capital privado se move para ter lucros. O projeto é importante para a Bahia, o governo está investindo para isso, mas, é preciso olhar esse outro aspecto.


COPA DO MUNDO 2014

Não é coisa fácil. Salvador não pode se transformar numa nova Lisboa, que abriga elefantes-brancos em estádios. A Arena Fonte Nova deve ser vista como um patrimônio do povo de Salvador. É preciso discutir bem a utilidade do equipamento após a Copa. Quando Caetano (Luiz Caetano, prefeito de Camaçari) construiu a Cidade do Saber, em Camaçari, ele me disse que estava preocupado com o after-day. E ele conseguiu resolver o problema atraindo às comunidades, envolvendo as comunidades, e hoje, a Cidade do Saber tem atividades 15 horas por dia, desde a cultura do balé a oficinas de teatro. Por isso mesmo, não acho que a Arena Fonte Nova, venha a se tornar um elefante-branco.


VLT X BUS RAPID

É uma discussão complexa estrategicamente e psicologicamente. É importante, primeiro a conclusão do Metrosal e a Prefeitura não tem condições de comandar um projeto desse sozinha.


PACTO PELA VIDA

Importantíssimo. É comandado, em sua essência, pela Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate a Pobreza, com Carlos Brasileiro, num conjunto de ações com transversalidade em outras áreas. Junto às ações policiais como estão acontecendo no Nordeste de Amaralina, Alto das Pombas, virão às políticas sociais. Numa boa parte da cidade do Salvador, há ausência do Estado, e, com isso, dá lugar ao crime organizado. Estão caminhando bem as ações do Pacto.


CONTINGENCIAMENTO DE R$1 BILHÃO NO ORÇAMENTO DO ESTADO/2011

É uma medida de precaução. Se o dinheiro voltar a entrar haverá reposição imediata. Importante destacar que não há corte nas políticas sociais. Não sou pessimista quanto à questão econômica do Estado. Até o final do primeiro semestre se resolve. Claro, o secretário Martins (Carlos Martins, SEFAZ/Estado) é exageradamente cauteloso. Sou mais otimista. O mercado automobilístico está aquecido. A construção civil idem. E a presidenta Dilma garante. O Brasil está sendo cobiçado no mundo todo para novos investimentos.


CESTA DO POVO

Foi pensado naquele momento para equilibrar o mercado. Hoje, não faz mais sentido. O produto mais vendido na Cesta, na atualidade, é a Coca-Cola. O que significa dizer que é preciso rever o projeto. Acredito que ainda tem alguma valia, porém, o que vale quanto pesa, agora, não tem sentido na origem.


BANCADA CATÓLICA NA ASSEMBLEIA

A bancada católica nasce com sentido orgânico da palavra. Tenho identidade muito forte com a Igreja Católica, porém, meu mandato não é da Igreja e sim da população, um mandato amplo em todos os níveis. A bancada católica à luz da espiritualidade exercitará ações parlamentares com objetivos amplos. O documento de Medelin define ações para os pobres e jovens e vamos assumir projetos nessa direção, em defesa da vida, da escola, do meio ambiente.


CANDIDATURA A PREFEITO DE VALENÇA

Não sou candidato. Minha família é de Valença, minha mãe é de Valença, e esta cidade tem sofrido um preço caro pelos desmandos. Mas, nos temos homens e mulheres que vão conseguir encontrar uma unidade para disputar a eleição, com competitividade. Valença está estagnada há anos e precisa andar.


PROJETO DO FIM DO VOTO SECRETO

A democracia contemporânea não permite nada mais encoberto. Os parlamentares precisam honrar aqueles que os elegeram. Acho fundamental que o voto seja aberto. Só em casos de constrangimento, nas concessões de honrarias, aí, defendo o voto secreto. Sou favorável ao modelo em curso no regimento, mas, defendo o voto aberto para eleição da Mesa da Assembleia.


4ª ELEIÇÃO DE MARCELO NILO

Pode constranger o próprio Marcelo. Sair pela 4ª vez dará uma pecha que ele não tem. Daria a impressão de que experimentou o poder e não quer largar mais.