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Os dois candidatos a presidente no debate da Band, em São Paulo
Foto: DIV
Quem assistiu ao debate da Band entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PMDB) os dois candidatos a presidência da República, em segundo turno, verificou que há uma diferença enorme entre a capacidade técnica e política do tucano em relação ao desempenho da candidata petista, mas, desta feita, viu uma Dilma mais ofensiva, mais aguerrida, partindo para cima do seu adversário com tons de indignação.
A nova estratégia utilizada por Dilma deu certo, pelo menos neutralizou um provável e esperado "banho de competência" de Serra, o que não aconteceu.
O tucano, de fato, é mais preparado, tem muito mais experiência política do que a candidata petista, mas Dilma soube se comportar bem no confronto procurando sustentar a tese de que o governo Lula, do qual participa como uma das suas mais destacadas expressões, tem sido melhor para os brasileiros do que o governo FHC (igual período de Lula, 8 anos) com resultados mais positivos na geração de empregos e no desenvolvimento.
Dilma perde-se, no entanto, quando fica tentando justificar-se sobre a questão do aborto, quando disse que era favorável no debate da UOL/Folha e não consegue uma resposta medianamente razoável para contrapor o escândalo de Erenice Guerra na Casa Civil, ela que era o braço direito da petista.
De fato, esses dois pontos são os fracos de Dilma, ainda que tivesse tentado carimbar o aborto como campanha sórdida dos seus adversários difundida pela internet tendo como carro-chefe dessa ação Índio da Costa, vice na chapa de Serra.
A melhor atuação de Dilma é sobre a Petrobras. Embora seja um assunto técnico (Pré Sal) mexe com a autoestima de uma categoria enorme com ramificações em vários segmentos. A questão das privatizações foi a tábua de salvação para Dilma, recorrente em outras campanhas, embora Serra tenha se saído muito bem quando fez o comparativo de que, se não tivesse ocorrido as privatizações do setor de telecomunicações, hoje, o Brasil estaria falando de orelhão.
Serra fez um debate falando para determinados segmentos: as Santas Casas, os genéricos, a educação de qualidade, portos e aeroportos, segurança; enquanto Dilma defendeu o modelo de gestão do qual participa com o presidente Lula, e, nesse aspectos, do que pretende fazer pelo Brasil ficou sempre na defensiva justificando as questões na saúde e na segurança quando poderia ter avançado mais.
Na segurança, por exemplo, esqueceu-se do Pronasci e de outras ações ações importantes do Ministerio da Justiça e centralizou muito sua fala no Rio de Janeiro, o que foi bom do ;ponto de vista eleitoral. A pergunta de Serra sobre segurança, em certo sentido, era também para cativar o eleitorado do Rio onde tem uma penetração aquém do desejado.
No final, para azar de Dilma ela foi a primeira a fazer as considerações finais e, mais uma vez, perdeu tempo na justificativa da campanha caluniosa e difamatória que seus adversários fazem contra ela, pediu voto e disse que está preparada para ser presidente. Serra foi bem melhor no final, fechou bem o debate, pediu votos e fez um apelo para que aqueles que nele votaram consigam mais um voto.
No geral, tivemos um bom debate, com troca de acusações, bom nível, tudo que o eleitor gosta. Serra tentou carimbar Dilma como uma personalidade "duas caras"; e Dilma contrapôs com "Serra mil caras".