Política

A SAÚDE É UM DOS TEMAS PRIORITÁRIOS DAS CAMPANHAS, POR TASSO FRANCO

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| 31/05/2010 às 09:00
Meeting de Saúde: debates sobre relações saúde com a política e a sociedade
Foto: BJÁ

O ex-presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, situou para um grupo de 120 empresários, professores de universidades e gestores do segmento empreendedor da medicina, durante o Meeting de Saúde promovido pela Santa Casa de Misericórdia da Bahia, no último final de semana, num hotel em Mata de São João, que, qualquer dos candidatos à Presidência da República eleito, Dilma Rousseff, José Serra e/ou Marina Silva os indicadores são de manter a política econômica organizada a partir do Plano Real e a estabilidade.
 

Por isso mesmo, temores que os empresários tiveram em 2002, com a vitória de Lula da Silva e uma possível mudança nessa base da economia, o que não aconteceu e só consolidou o Real, deixam de existir agora, em 2010, e o setor saúde no campo privado tem espaços para novos investimentos sem sobressaltos.


Loyola revelou que as estimativas no mundo empresarial apontam para um crescimento do PIB nacional em  6.6%, em 2010, com níveis de emprego e renda reais em alta e previsão da massa salarial avançar 6.2% ao ano (contra 3.2%, em 2009); taxa de câmbio estável; inflação acima da meta em 4.5% , mas, ainda, no "grade" de tolerância; crescimento de créditos para pessoas físicas (11%) e jurídicas (8%) e uma produção industrial estimada em 11.7%, contra -7.4% em 2009. Ou seja, os cenários são todos favoráveis para um mercado em expansão geral, e no campo da saúde, especificamente.

A questão é que, e aí entra a política, uma boa parte do segmento saúde empresarial, especialmente planos de saúde vivem atrelados às políticas públicas governamentais. A observação da professora da UERJ, pesquisadora e analista do sistema de saúde em vários países, Lígia Bahia, a qual, traçou uma panorâmica do que poderá acontecer até 2015, inclusive com mudanças de conceitos mundiais a partir da reforma da Saúde dos Estados Unidos promovida por Barack Obama, é de que o Brasil investe pouco na saúde pública, gasta mal, e uma parte da iniciativa privada vive agregada ao governo.
 
"Atuar no mercado pendurado no governo é fácil" comentou. E denunciou o que muitos de nós já sabemos: "Quem paga os procedimentos de alta compexidade é o SUS, pois, os planos de saúde (maioria absoluta) se negam a fazê-lo. Até mesmo aqueles hospitais famosos e midiáticos de São Paulo (Sírio Libanês, INCOR e outros), filantrópicos em algumas engrenagens se enquadram dentro desse perfil. Em outras palavaras, no conceito geral, o sistema de saúde pública brasileiro é fundamental para o capitalismo empresarial da saúde. E, apesar da choradeira frequente que se vê em alguns segmentos empresariais, segundo a doutora Lígia, "a medicina é uma área de grande lucratividade".

Nesse contexto há, ainda, uma interface entre o público e o privado, e a política passa a ser "fundamental" em alguns procedimentos. A doutora Lígia citou, por exemplo, o caso de sua mãe que tem plano de saúde da AMIL e certo dia chegou para ela e disse o seguinte: - Minha filha, porque eu não tenho direito de ser internada no Sírio como vejo alguns figurões na TV sendo levados para São Paulo? Reposta: - Minha mãe, a senhora não é a Dilma Rousseff nem o José Alencar. 


Evidente que essa interferência se dá em diferentes escalas. O secretário de Saúde do Município de Salvador, José Carlos Brito, admitiu durante o evento que "o meio político atrapalha a gestão" e revelou que, o Plano de Cargos e Salários que a SMS encaminhou a Câmara de Vereadores acaba com essa interferência. Noutro plano, todos concordam que salários de profissionais de saúde (inclusive nas Universidades) devem ser melhores, é preciso expandir as atividades primárias no atendimento de forma mais resolutiva, mais regulamentação, buscar novas fontes de financiamentos e levar a saúde ao debate nas eleições que se aproximam.

Ter dos candidados, em todos os níveis, mais compromissos com esse segmento.