Política

COMISSÃO DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE VISITA IRARÁ E BIRITINGA NA SEXTA

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| 22/06/2009 às 19:04
Revelando Comunidades Afrodescendentes, tema criado pela Comissão de Promoção da Igualdade (CEPI) da Assembleia Legislativa da Bahia, visitou os municípios de Irará e Biritinga na última sexta-feira (19).

A CEPI já havia realizado outras audiências com a mesma temática em outros municípios baianos, como Valente, Conceição da Feira e Antonio Cardoso. A iniciativa de realização das audiências no interior da Bahia, segundo o presidente da Comissão, Deputado Estadual Bira Corôa (PT/BA) “é despertar as comunidades afrodescendentes para a necessidade de aplicação das políticas afirmativas e em especial as voltadas com exclusividade para os povos e comunidades tradicionais.”

“Irará tem algumas comunidades para serem reconhecidas e nós esperamos que, em parceria com a CEPI consigamos reconhecê-las”, ressaltou o prefeito de Irará, Derivaldo Pinto Cerqueira.

A vice-prefeita, Darci Lima colocou que, “é preciso aproveitar a oportunidade que foi dada pelo presidente Lula, criando várias políticas públicas que favorecem às mulheres, os índios e sobretudo o povo negro. E o que falta agora é nos estruturarmos para que esses direitos sejam implementados”.

A Secretaria Municipal de Educação do município de Irará se mostrou bastante preocupada e atenta para inserir a temática nas escolas do município. “Já contamos com uma pesquisa de mestrado que pode subsidiar em muito os trabalhos”, pontua a secretaria de educação Marise Damiana.

Para a assistente social e presidente do Conselho Municipal de Criança e Adolescente, Edite Cerqueira Assis, “a cidade precisa abraçar essa oportunidade de resgate e fortalecimento da cultura afrodescendente”. 

O Sindicato dos Trabalhadores Rurais na figura de seu diretor, Jucelino Fernandes também se  fez presente na audiência. “A importância do sindicato está, juntamente com os jovens, puxando esse debate para tratar de questões relacionadas à identidade do povo dessa terra”, propôs Jucelino.

Para o coordenador do Coletivo de Jovens de Irará, Edvan dos Santos, “a reflexão provocada com a audiência contribuiu bastante para a gente conhecer a nossa origem, as lutas que foram travadas para que hoje nós pudéssemos estar aqui. Por isso nós temos a obrigação de reafirmar essa luta e as conquistas dos nossos ancestrais”.

 

REVELANDO QUILOMBOLAS

 

Após as colocações da mesa, houve uma breve apresentação da pesquisa de mestrado junto ao CEAO (Centro de Estudos Afro Orientais da Universidade Federal da Bahia/UFBA), realizada pela professora Jucélia Bispo dos Santos. O trabalho, intitulado “Etnicidade e Memória entre Quilombolas em Irará”, faz uma apreciação do processo histórico dos quilombos da comunidade de Olaria que fica a 6 km do distrito sede e foi fundada no final do século XIX por famílias de ex-escravos que resistiram à escravidão. A região que era originalmente habitada pelos índios Paiaiá – mortos na sua maioria pelo senhor de sesmaria João Peixoto Veiga – foi, segundo a professora Jucélia, local de formação de quilombos e de muita resistência à escravidão. Como os índios tiveram as suas terras (toda região) expropriadas, houve – de acordo ainda com a professora, uma ação estratégica para negar a presença dos índios (apagar qualquer memória que indicasse a existência dos Paiaiás).

“Devemos fazer de tudo para que as comunidades afrodescendentes do município possam, de fato, serem reconhecidas e valorizadas na sua identidade”, assinalou o secretário da agricultura Guilherme Martins.

A audiência foi encerrada ao som do samba de roda de raiz africana do Grupo Lindo Amor de São Cosme e Damião, da comunidade de Olaria.

O deputado Bira Corôa se colocou a disposição para fazer valer as discussões obtidas com essas audiências e fez um convite à professora Jucélia para que sua pesquisa de mestrado fosse apresentada no Colegiado da CEPI, na Assembleia Legislativa da Bahia, com data a ser agendada.