Política

CNBB CONDENA CORRUPÇÃO NA POLÍTICA E PROPÕE CANDIDATO "FICHA LIMPA"

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| 19/06/2009 às 13:03
Dom Geraldo Lyrio Rocha, presidente da CNBB, divulga documento
Foto: Divulgação
  O Conselho Permanente da CNBB aprovou, na última quinta-feira, 18, a nota "A superação da corrupção na política: salvaguarda da ética e da democracia". Os bispos, que estiveram reunidos desde terça-feira, 16, manifestam "indignação" com as acusações de corrupção nos poderes constituídos.

"A corrupção e a decorrente impunidade constituem grandes ameaças ao sistema democrático", afirma a CNBB.


Segundo a Conferência dos Bispos, a corrupção aumenta "o fosso das desigualdades sociais" e também a "miséria, a fome e a pobreza". "A corrupção trai a justiça e a ética social, compromete o funcionamento do Estado, decepciona e afasta o povo da participação política", destacam os bispos.


A nota convoca, ainda, a população a aderir ao Projeto de Lei de Iniciativa Popular que propõe a mudança na lei de inelegibilidades no Brasil e a participar da reforma política, a fim de garantir eleições "regidas pela ética em 2010".



CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL

69ª Reunião Ordinária do Conselho Permanente

Brasília - DF, 16 a 18 de junho de 2009

CP/09




A SUPERAÇÃO DA CORRUPÇAO NA POLÍTICA:

SALVAGUARDA DA ÉTICA E DA DEMOCRACIA



"Na verdade, a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro" (1Tm 6,10).



Nós, membros do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do

Brasil - CNBB, reunidos em Brasília, DF, nos dias 16 a 18 de junho de 2009, manifestamos indignação diante das repetidas acusações de corrupção nas instâncias dos Poderes constituídos. A corrupção e a decorrente impunidade constituem grandes ameaças ao sistema democrático.


A corrupção aumenta o fosso das desigualdades sociais, como também a miséria,

a fome e a pobreza. Além de ferir gravemente o princípio do destino universal dos bens, raramente se tem notícias sobre a restituição dos recursos e bens públicos usurpados.

A corrupção trai a justiça e a ética social, compromete o funcionamento do Estado, decepciona e afasta o povo da participação política, levando-o ao desprezo, perplexidade, cansaço, revolta, e ao descrédito generalizado, não somente pelos políticos, mas também pelas Instituições Públicas.


A imprensa nacional e os órgãos públicos competentes têm divulgado a prática de

comprovada corrupção nos meios políticos como um círculo vicioso, um hábito enraizado na inversão dos meios e do fim da "coisa pública". Ao mesmo tempo em que a mídia funciona como caixa de ressonância, denunciando os males presentes na vida política, muitas vezes pode semear na opinião pública a idéia da inutilidade do Congresso, desvalorizando a democracia.


Diversas instâncias da sociedade civil já se manifestaram em favor da reforma

política para, entre outros objetivos, sanar os males da corrupção sedimentados na vida

pública. A Igreja quer contribuir para o bem comum, lembrando as exigências éticas do

Evangelho.
 
A política é um serviço ao bem comum, na construção da sociedade justa, fraterna e solidária. Os políticos sejam pessoas dotadas de virtudes sociais, como competência,

retidão, transparência e espírito de serviço, sendo os primeiros responsáveis pela ordem justa na sociedade. A superação da corrupção exige pessoas e partidos com perfil íntegro para o exercício do mandado público.


Convocamos a todos para que, através do Projeto de Lei de Iniciativa Popular

sobre a Vida Pregressa dos Candidatos (Projeto Ficha Limpa), da Reforma Política e outras mobilizações, possamos garantir eleições regidas pela ética em 2010, fortalecendo a participação e garantindo a credibilidade dos processos democráticos.

Nesse sentido, a Igreja oferece, por meio das escolas de Fé e Política, uma concreta e valiosa contribuição. Que Nossa Senhora Aparecida, serva de Deus e da humanidade, ajude o povo brasileiro a combater a corrupção, criando condições para uma sociedade justa e plenamente democrática.


Dom Geraldo Lyrio Rocha

Arcebispo de Mariana

Presidente da CNBB

Dom Luiz Soares Vieira

Arcebispo de Manaus

Vice-Presidente da CNBB

Dom Dimas Lara Barbosa

Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro

Secretário-Geral da CNBB