Política

AMBIENTALISTAS FAZEM ATO DE APOIO A MINC E USAM SÍMBOLO DA MACHADINHA

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| 08/06/2009 às 17:38
Ministro Carlos Minc mostra machadinha e critica a senadora Kátia Abreu
Foto: Carlos Moraes, O Dia

Cerca de 100 pessoas de diversas entidades ambientalistas e de defesa ao meio ambiente e organizações de trabalhadores participaram na manhã desta segunda-feira de uma manifestação em frente à Assembléia Legislativa do Rio (Alerj) em defesa da legislação ambiental e do ministro Carlos Minc, que participou do evento.

O ato questionou Medidas Provisórias (MPs) enviadas pelo Governo Federal que, para Minc e os manifestantes, incentivam a grilagem de terras na Amazônia. O ministro aproveitou para reiterar seu bom relacionamento com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ressaltou que não deixará o cargo.


O ato contou com esquetes teatrais ironizando a senadora e presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) Kátia Abreu - chamada de "Kátia Bebeu". Em um panfleto assinado por mais de 50 entidades, os manifestantes cantaram músicas que diziam "cai Kátia Abreu" e "Fora Mangabeira", em alusão ao ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger.


"Não posso comentar todas as frações do Congresso porque me comprometi com o presidente Lula que isso só será feito internamente, mas não vou deixar de falar sobre quem é nocivo ao País. A soja está sob controle, mas o pecuarista é a grande ameaça do Brasil", afirmou após dizer que não poderia cantar a música que pedia a saída de Mangabeira.


BOLSA LATIFÚNDIO

"É bom os ruralistas baixarem a bola, baixarem as ameaças e cumprirem a lei. É piada de salão dizer que é a (senadora) Kátia (Abreu) quem vai me tirar do cargo. Em conversa com ela, falei: vossa excelência quer meu pescoço, mas se vossa excelência fosse presidente da República não teríamos Bolsa Família, mas sim Bolsa Latifúndio", lembrou o ministro.


A Medida Provisória 458, aprovada pelo Senado na noite da última quarta-feira, trata da regularização fundiária de terras da União na Amazônia Legal para os atuais invasores.

A medida provisória ficou conhecida como MP da Grilagem, segundo os representantes do Movimento em defesa da Amazônia.

A regularização das terras será feita sem licitação para áreas de até um módulo fiscal - na região, um módulo equivale, em média, a 76 hectares. Para esses casos, a transferência das áreas será feita gratuitamente, o que valerá, inclusive, para o registro do imóvel em cartório.


Menor desmatamento em 20 anos


O ministro ressaltou ainda que o Brasil vai registrar este ano o menor desmatamento da Amazônia dos últimos 20 anos. Segundo Minc, o feito deve ser atingido graças a medidas como proibição de crédito a quem faz desmatamento e o leilão de gados apreendidos em terras desmatadas.

Para o ministro, a rixa com os ruralistas começou depois que o Ministério do Meio Ambiente e os ambientalistas consolidaram uma "aliança histórica" com setores da agricultura familiar - ligados principalmente a movimentos sociais e aos sem-terra. Grupos responsáveis, segundo o ministro, pela produção de 70% dos alimentos que chegam às mesas brasileiras.


De acordo com o ministro, o próximo passo é fazer uma aliança com a Central Única dos Trabalhadores (CUT) com o objetivo de combater a contaminação de trabalhadores das indústrias.


Entre os motivos da manifestação está MPs do próprio governo federal do qual Minc faz parte. Mas o ministro mostrou-se confiante na sensibilidade do presidente Lula.

"Grandes empresas poderão comprar hectares da Amazônia sem precisarem ter sede lá, por meio da MP 458 aprovada quarta-feira. Mas estou confiante de que isso terá o veto do presidente Lula", comentou.


Os manifestantes portaram machadinhas para protestar contra os cortes propostos no Código Florestal e uma "motoplanta" - espécie de motoserra gigante. Entre as medidas alvo dos manifestantes estão itens da MP-452, que suspende as licenças ambientais para a criação de estradas, além de propostas de mudança do código florestal que diminui as áreas de preservação que compõem as margens dos rios, o que, para ambientalistas, põe em risco a comunidade pesqueira e a fauna e flora da região.