"A orla de Salvador é um lixo. A nossa cidade está feia e a nossa orla é a pior do Brasil. Quando fui convidado para assumir a secretaria, deixei claro ao prefeito que não concordaria com a desapropriação dos moradores de Vila Brandão. Não temos dimensão das pessoas que vivem nesta região e das suas condições sócio-econômicas. Precisamos fazer um cadastramento para conhecermos melhor quem vive na comunidade", afirmou Abreu.
O secretário ainda explicou que não existe uma decisão consolidada sobre a desapropriação das famílias. "Se alguém disse que Vila Brandão vai sair dali é absolutamente mentira", complementou.
Inconformado com as respostas proferidas pela da Secretaria da Habitação (Sehab), o representante da Defensoria Pública, Eduardo Estopa, fez críticas ao pronunciamento de Antônio Abreu. "Os moradores querem saber o que vai acontecer com o local, qual é o projeto e como a prefeitura pretende executá-lo. O secretário, com todo respeito, não conseguiu responder objetivamente as dúvidas da comunidade. A prefeitura não está demonstrando ter um projeto, e sim apenas idéias do que pretende fazer", declarou.
ORGANIZAÇÃO E APOIO
A falta de apoio e respeito por parte da prefeitura foi destacada pela representante dos moradores de Vila Brandão. "Temos as nossas necessidades e os nossos direitos. Penso no futuro das nossas crianças e adolescentes. Queremos cobrar o projeto que não nos foi apresentado. Ficamos sabendo da desapropriação por meio da imprensa. Queremos respeito", exigiu Ana Patrícia.
Para o vereador Paulo Câmara (PSDB), esse problema é conseqüência da aprovação de um "PDDU traumático com 256 emendas feitas de um dia para o outro, que nem eu, como parlamentar, tenho conhecimento. Imagine vocês", criticou, dirigindo-se aos moradores.
Posteriormente, o vereador arrancou aplausos da comunidade quando questionou o secretário e se posicionou a favor da população que reside na Ladeira da Barra ao sugerir uma reurbanização ao invés da desapropriação. "Todo projeto só é bom quando a comunidade tem conhecimento e está de acordo. Temos que conservar e manter o que nós temos", opinou o tucano.
(Por Marivaldo Filho, repórter)