O senador César Borges (PR-BA) afirmou ontem à noite (01), em resposta a aparte do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), que uma boa convivência política com o governador Jaques Wagner dependerá do petista.
"Tenho boas relações com o governador, me coloquei à disposição para ajudá-lo no Senado, mas não aceitarei, em hipótese alguma, que ele olhe pelo retrovisor e diga que, no passado, nada se fez pela Bahia, porque ele está cometendo uma injustiça", afirmou.
César Borges repudiou críticas do governador aos antecessores e à instalação da Ford, que para Wagner ocorreu "pelo acidente do Rio Grande do Sul, porque na verdade eles não trouxeram". O senador cobrou o testemunho de Mercadante, "que estava no Congresso", para lembrar que a Ford dependeu de uma grande luta no Congresso para reabrir o regime automotivo, que estava fechado, e contra o governador Mário Covas, "que queria muito que a Ford ficasse em São Paulo".
Mercante pediu aparte para responder a discurso do senador Antonio Carlos Júnior, que pouco antes criticara a entrevista de Wagner e denunciou perseguição do fisco estadual à TV Bahia. Dirigindo-se a Borges, disse que "gostaria de dizer de público que o senhor, como governador, deu contribuição muito importante ao estado da Bahia e tem dado como Senador da República". Também disse que Borges "tem tido uma atitude parceira do Governo Federal neste Senado".
MEMÓRIA
Mercadante também defendeu a memória do falecido senador Antonio Carlos Magalhães. "Tivemos embates duríssimos, politicamente, mas sempre disse que nele nada era pequeno, nem os defeitos nem as qualidades. Olhando para o tempo da história, seguramente, essas qualidades têm de ser reconhecidas, sobretudo porque ele não está mais aqui. Então, temos que olhar para frente e reconhecer suas qualidades", afirmou o senador.
O senador paulista apelou para que a entrevista não fosse tomada pela face crítica. "Acho que a entrevista dele foi longa. E o ponto mais importante é que não pode mais ter um risco de giz na Bahia, separando quem é Oposição e Governo, que é preciso distensionar a Bahia, é preciso dialogar", afirmou. Segundo explicou Mercadante, "eu não vim aqui para aprofundar diferenças e, sim, para corrigir aquilo que deve ser corrigido e, principalmente, apontar para o futuro".
César Borges concordou com o senador paulista: "a nossa disposição é de distensionar realmente a política. E este é o momento que vive a Bahia. Por isto, lamento que essa atitude contra a Rede Bahia levem a isto", afirmou. Segundo César, a qualidade das administrações recentes da Bahia está atestada por uma entidade imparcial, o IPEA, do governo federal, que em estudo divulgado este ano reputou que, durante 10 anos, entre 1995 e 2005, os melhores governos estaduais da época foram feitos na Bahia.