Política

DISCURSO DO SENADOR ACM JR SOBRE O CASO DE SUSPEITA DE PERSEGUIÇÃO

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| 01/04/2009 às 20:41
  Senhor Presidente,


   Tenho evitado trazer a esta tribuna questões restritas à política baiana, porque entendo que o trabalho de um Senador da República é defender os interesses do seu Estado e do País, acima, sempre que possível, de diferenças político-partidárias regionais.


   Contudo, as continuadas, desrespeitosas e despropositadas declarações que o senhor Jaques Wagner vem dando em relação aos governos que o precederam não podem mais ficar sem resposta, especialmente a entrevista dada esta semana ao jornalista Samuel Celestino.


   Impressa, a tal entrevista ocupa dezesseis páginas em que entrevistador e entrevistado dão mais atenção às gestões de Antonio Carlos Magalhães, Paulo Souto e César Borges do que ao próprio governo Jaques Wagner, em uma clara tentativa de desconstruir realizações das administrações anteriores.


   Mesmo as mais emblemáticas conquistas como, por exemplo, a implantação do Pólo Petroquímico de Camaçari e o parque automotivo da Ford, foram minimizadas ou, digamos, relidas sob uma ótica absolutamente distorcida e mentirosa. O governador chega a afirmar que não foi a Bahia que trouxe a Ford, mas o Rio Grande do Sul que a deixou ir.


   É compreensível, senhores senadores, que o governador Jaques Vagner sinta-se incomodado, uma vez que se vê ameaçado eleitoralmente, não apenas por adversários, mas mesmo por seus aliados que, em função da incompetência administrativa e política que apresenta seu governo apagado, buscam outros caminhos. Aliás, é risível ver o governador chamar de pluralidade de opiniões o que não passa de desorganização de sua base aliada.


   Além de incomodado, ele deve estar frustrado, pois sabe que não cumprirá uma sequer das inúmeras promessas de palanque. Logo ele, que foi eleito alardeando a condição de correligionário do presidente da República, o que o credenciaria a grandes realizações.


Pois sim...


Jaques Wagner tem se notabilizado por deixar agravarem-se os problemas que prometeu combater, além de deixar florescer outros tantos.

Vejam o caso da insegurança pública.


No governo Jaques Wagner, a violência incorporou-se ao cotidiano baiano, trazendo medo aos moradores e afugentando o turismo.


Os números são cruéis: nos primeiros três meses deste ano pelo menos 452 pessoas foram assassinadas somente em Salvador  e região metropolitana. Digo 452 porque este é o número contabilizado pela imprensa, uma vez que governo não divulga os números oficiais.


Desde a posse de Jaques Wagner a violência não para de crescer na Bahia.

Em 2007, a violência aumentou 30%. No ano passado, novo aumento, desta vez de 40%. Mantendo-se os números dos três primeiros meses deste ano, o triste recorde deverá ser batido mais uma vez.


Na saúde, a dengue ameaça ser a marca deste governo.

Os números, novamente eles, são impressionantes e não param de crescer: vinte mil casos de dengue registrados apenas nos últimos trinta dias e mais de meia centena de mortes.


Enquanto a dengue declina no país, na Bahia ela avança, embalada pela ineficiência do governo estadual.

E não apenas a dengue.

Em mais uma evidência de que a saúde pública na Bahia agoniza, além de liderar a lista nacional de vítimas da dengue, o estado ostenta um triste terceiro lugar na incidência de tuberculose.


O desemprego cresce, a economia do estado definha e o governador se irrita quando é confrontado com essa realidade, quando o certo seria agir para estancar a inoperância de sua administração.


Senhores,

Em dois anos e três meses de governo, indústrias foram fechadas ou transferidas.

A Britânia, por exemplo, demitiu quase 300 funcionários e foi para Santa Catarina.

Empresários cancelam investimentos.


Em Salvador, comerciantes do Pelourinho sofrem com o abandono que Jaques Wagner impôs àquele patrimônio cultural da humanidade.


É um crime, senhores, o que este governo faz com o Pelourinho, jogando no lixo o investimento de mais de uma década e, em apenas dois anos, conseguindo a proeza de afastar turistas e baianos do coração da cidade.


Senhor Presidente,


O fato é que, se o governo baiano ainda respira, mesmo que por aparelhos, agradeça Jaques Wagner aos programas herdados de seus antecessores, programas esses aos quais ele deu prosseguimento apenas mudando o nome, como é caso do programa de recuperação de estradas, financiado pelo BID ainda em 2006, no governo Paulo Souto.


A Bahia parou e o governador nada fez.


Nada fez e agora mente, se contradiz, quando afirma que a Bahia viveu cinqüenta anos de estagnação econômica.


Ora, o PIB da Bahia duplicou entre o ano 2000 e 2006, crescendo sempre acima da média nacional.


Agora, no governo petista de Jaques Wagner, é que o Estado passou a crescer menos que o Brasil e, proporcionalmente, gerar mais desempregados.

Em sua tentativa desesperada de justificar-se, o governador chega ao cúmulo de, passados quase três anos de sua gestão, buscar desqualificar até mesmo o funcionalismo estadual, certamente como estratégia para defender a instrumentalização da máquina pública pelo PT e aliados.


Aliás, Senhor Presidente,

Senhores Senadores,


Peço especial atenção dos senhores para o que vou relatar agora, que é grave, muito grave, e mostra como a máquina estatal baiana está instrumentalizada a serviço de um grupo político:


Tenho aqui comigo a cópia de um email (aqui está ele) trocado entre dois funcionários da Secretaria Estadual da Fazenda, que comprova o uso do órgão como instrumento de perseguição política.


No documento, o coordenador da Inspetoria de Fiscalização de Empresas de Grande Porte do Fisco (não vou dizer seu nome, mas está aqui) determinava fosse feita uma fiscalização na TV Bahia, uma empresa da família do deputado federal ACM Neto e deste senador.


Pois vejam:


Ao tomar conhecimento de que ao final da fiscalização nenhum ilícito fora encontrado, o coordenador simplesmente emitiu uma nova ordem, reiterando a necessidade de obter resultados na fiscalização da emissora ou em outras empresas do grupo." e encerrando a mensagem informando tratar-se de uma solicitação expressa da Superintendência de Administração Tributária.


O que é isso, senhor presidente, senão o uso da máquina pública para lograr objetivos subalternos?


O que é isso, senhores senadores, senão o uso descarado, desavergonhado, do governo para fins inconfessáveis?


É uma vergonha
! Uma vergonha que deverá ser apurada e seus responsáveis severamente punidos!


Fato é, senhores, que a reta final do mandato do governador Jaques Vagner se aproxima e Sua Excelência não consegue livrar-se da sombra de seus antecessores e da inevitável comparação entre gestões.


Daí a tentativa reiterada de difamar biografias e de sabotar empreendimentos empresariais apenas porque seus gestores não se curvam à sua forma de governar.

A pressão por que passa o governador Jaques Wagner não lhe dá o direito de agir desta forma desesperada e incivilizada.


Ainda que veja seu mandato terminar sem prestígio... Ainda que não tenha realizações a apresentar ao povo baiano... Ainda que se veja abandonado pela base política que antes o apoiava e que, pelo bem da Bahia, busca outros rumos... Ainda que seu governo esteja definhando melancolicamente... não pense o senhor Jaques Wagner que poderá tripudiar, difamar, desrespeitar a memória de Antonio Carlos Magalhães, sem que vozes se levantem para defendê-lo.


Vozes amigas, correligionárias ou simplesmente do povo baiano, sempre sairão na defesa de ACM.


Vozes que reconhecem nele o baiano que trabalhou, viveu pela Bahia e que deixou um legado que nem cem anos de Jaques Wagner poderiam apagar.

Rogo, pelo amor que tenho à Bahia, que o governador consiga se libertar desta obsessão doentia, desta missão impossível, de tentar comparar-se aos governos de Antonio Carlos Magalhães, Paulo Souto e César Borges.


Talvez assim, Sua Excelência comece a governar e a resolver os problemas que, hoje, infernizam o estado e o povo baiano.


Vá trabalhar, governador, pois só lhe restam ano e meio de mandato!

É o que tinha a dizer.