Política

DEPUTADOS DE FEIRA LAMENTAM MORTE DE CHICO PINTO, UMA LIÇÃO DE VIDA

O corpo de Chico Pinto está sendo velado na Câmara de FSA
| 19/02/2008 às 22:18
  Os deputados de Feira de Santana, Fernando de Fabinho, Colberto Martins Filho, Sérgio Carneiro, Zé Neto e Tarcízio Pimenta ao tomarem conhecimento do falecimento do ex-deputado Francisco Pinto lamentaram o fato e afirmaram que o Brasil, a Bahia e especialmente Feira de Santana, perde um grande político.

   Tarcízio foi quem informou no plenário da AL a morte do ex-político feirense, logo após seu falecimento, situando que a história fará justiça a um dos políticos mais admiráveis do município que representa.
 

   O ex-deputado baiano Francisco Pinto faleceu na tarde desta terça-feira (19), dia 19, aos 77 anos, na UTI do Hospital São Raphael. Ele foi internado no final de novembro para tratar de uma infecção urinária. Entretanto, seu quadro clínico evolui para uma infecção bacteriana generalizada. O ex-prefeito de Feira de Santana era hipertenso, doente renal crônico e tinha doença cardíaca coronária.

   Seu corpo está sendo velado na Câmara de Vereadores de Feira de Santana, e o sepultamento está previsto para as 16 horas dessa quarta-feira (20), no Cemitério Piedade.

   LIÇÃO DE VIDA

   Na opinião de Fernando Fabinho, o passado político de Chico Pinto é uma lição de vida para os democratas bem como para aqueles que ainda não consideram a democracia a forma política e social mais perfeita que o homem pôde colocar em prática, para viver melhor e em paz. Homem de esquerda, quando ser de esquerda no Brasil e na América Latina era muito perigoso, Chico Pinto nunca esmoreceu quando das adversidades e por isso se tornou um dos políticos mais respeitados deste País, inclusive pelos governos militares.

  Francisco Pinto, no auge da ditadura militar, apesar de combatê-la, teve a sabedoria de abrir diálogo com os donos do poder para que o povo brasileiro vislumbrasse o início da abertura política e com isso dar tempo para que o processo democrático se fortalecesse para que o regime militar desse espaço para aqueles que não tinham voz política, pois perseguidos que eram pelo chamado regime de exceção, que tanto prejudicou as liberdades e os direitos civis dos cidadãos brasileiros.


  Integrante do Grupo Autêntico do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), Chico Pinto, juntamente com Marcos Freire, Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Pedro Simon, Fernando Lyra, Cristina Tavares, Hélio Duque, dentre outros, percebeu que poderia negociar com os militares nacionalistas a distensão política e a partir daí fazer com que as Forças Armadas começassem a debater, dentro dos quartéis, a situação do País, que há muito tempo vivia sob um regime de força, que perseguia, demitia, cassava, exilava e até matava.
 

  CASSADO EM FEIRA

   O próprio Chico Pinto foi vítima desse processo cruel, quando prefeito de Feira de Santana, em 1964, foi cassado. Portanto, este valoroso político sabia o que estava a fazer e, conseqüentemente, no decorrer da década de 1970, passou a liderar o processo político que permitisse a abertura do regime militar, que tirou as liberdades civis dos brasileiros.
 
  Em 1970, o político baiano foi eleito deputado federal e passou a aglutinar os parlamentares do Grupo Autêntico. Este fato estabeleceu limites entre a oposição e o Governo, com a finalidade de, pela primeira vez, os militares ouvirem a oposição sem, no entanto, reprimi-la, ao ponto de ela não poder colocar suas reivindicações na mesa de negociação política.


  No ano de 1974, Chico Pinto discursou contra a presença do general chileno Augusto Pinochet no Brasil. Sua atitude o levou à cassação. O político perdeu mandato, mas apostou na anticandidatura à Presidência da República de Ulysses Guimarães e Barbosa Lima Sobrinho, o que chamou a atenção da comunidade internacional e principalmente do povo brasileiro, que percebeu de fato que o Brasil vivia em uma ditadura. Em 1978, Chico Pinto apoiou a candidatura à Presidência do general nacionalista Euler Bentes, que concorreu pelo MDB. Este episódio dividiu as Forças Armadas, que passaram a perceber que haviam muitos militares, de postos superiores, que não apoiavam o regime de força.