Política

OPOSIÇÃO INGRESSA COM REPRESENTAÇÃO NO MPF CONTRA SECRETÁRIO SOLLA

A representação será encaminhada pelo deputado Heraldo Rocha (DEM)
| 11/10/2007 às 13:38
Contrato de consultoria de Solla com a Secretaria de Saúde enolve R$1,2 milhão (Foto:G)
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O deputado Heraldo Rocha, líder dos Democratas na Assembléia Legislativa da Bahia, ingressa hoje, 11, com uma representação junto ao Ministério Público Federal contra o secretário da Saúde do Estado, Jorge Solla, por ele ter criado "um factóide para afastar e tentar abafar mais um escândalo patrocinado por ele e sua equipe à frente da Secretaria da Saúde".

   Segundo o deputado, Jorge Solla contratou a si mesmo como consultor da segunda etapa do Projeto Mais Saúde Bahia, pela bagatela de 462 mil euros, ou seja, por mais de R$1,2 milhão de reais. "Trata-se de um escândalo sem precedentes na história política da Bahia, inusitado ainda mais quando quando envolve a Polícia, convocada pelo próprio secretário, numa suspeita onde ele é o réu" - assegura Rocha. 


  Ainda de acordo com o deputado, ao ser confrontado pelo jornalista Luiz Francisco, da Folha de São Paulo, que através de suas fontes conseguiu mais de 250 páginas de documentos que comprovam que Solla se auto-contratou como consultor da Sesab, o secretário resolveu inverter a situação e, alegando que uma das mais de 250 páginas de documentos estava adulterada, criou um "factóide ridículo, chamando uma delegada de polícia, uma perita criminal e uma escrivã em seu gabinete para constranger o jornalista e tentar desacreditar o conteúdo de sua denúncia".

  ENTENDA O CASO

   Em 2005, após firmar contrato com o Banco Mundial, a Sesab abre concorrência internacional para contratação de equipe de consultoria para implantação da 2ª fase do Projeto Mais Saúde Bahia.


 Em 2006 as empresas interessadas adquiriram o edital e fizeram a qualificação prévia para concorrer. Entre essas empresas estava a francesa Consuler Santè.


 No dia 13 de outubro do ano passado, quando Wagner já era governador eleito da Bahia, Jorge Solla - que já era tido como nome certo para assumir a Secretaria da Saúde - deixa a Inglaterra, onde cursava o doutorado, e vai a Paris para se associar a Consuler Santè, que o coloca como um dos cinco consultores que executariam a implantação do Projeto Mais Saúde Bahia, caso a empresa vencesse a concorrência.


 Outro médico que se habilitou como consultor da Consulé Santé em outubro do ano passado para disputar a concorrência da fase 2 do Mais Saúde Bahia, foi Fernando Vasconcelos, que em janeiro deste ano foi nomeado pelo próprio Solla como gerente do Projeto Mais Saúde Bahia.


  GRAVÍSSIMO

  Segundo o deputado Heraldo Rocha, o secretário da Saúde da Bahia e o gerente do projeto eram, ao mesmo tempo, gestores de um contrato com o Banco Mundial para a execução de um importante programa de Saúde do estado e consultores de uma das empresas que disputavam esse mesmo contrato.


 "Juntos, Solla e Vasconcelos conseguem, em maio deste ano, que o Banco Mundial eleve de US$280 mil para 462 mil Euros o valor do contrato de consultoria para a execução da consultoria de implantação do Mais Saúde Bahia 2", cita o deputado.


 Ainda em maio deste ano, a comissão técnica de avaliação, responsável por escolher qual empresa ficaria com o contrato de consultoria, elegem a Consule Santé como vencedora da licitação, analisando apenas dois aspectos das empresas postulantes ao contrato: a saúde financeira destas e o currículo dos consultores indicados por estas para executarem o projeto.


 "Em outras palavras, a comissão de licitação, formada por três pessoas - entre as quais uma funcionária da Sesab e uma ex-professora e amiga íntima de Jorge Solla - elegem vencedora a empresa da qual o próprio secretário da Saúde e o gerente do Projeto Mais Saúde Bahia como consultores", diz Rocha.


  PARIS


  De acordo com relato do deputado, apenas em agosto deste ano, após a homologação dos resultados da licitação e na eminência de ser desmascarado, Solla e Vasconcelos se afastam da Consule Santé,  que mesmo após a substituição de 2 de seus 5 consultores, permanece com o contrato. Não esqueçamos que esse contrato, a essa altura, já havia sido elevado de U$280 mil (algo em torno de R$532 mil) para 462 mil euros (R$1,2 milhão), uma majoração de mais de 100%. 


 "Talvez, a relação de Jorge Solla com a empresa francesa Consule Santé explique porque o secretário, em junho deste ano, logo após concluir a licitação que teve a empresa francesa vencedora, se desgarrou da comitiva do governador Jaques Wagner que visitava Portugal e Espanha para inspecionar estádios de futebol, e foi a Paris" - comentou.


  Mesmo após tentar constranger o jornalista Luiz Francisco, levando para seu gabinete uma delegada, uma perita criminal e uma escrivã de polícia, Solla, achando que tinha feito pouca pirotecnia, convoca a imprensa e vai pessoalmente à Delegacia de Defraudações prestar a mesma queixa que já havia prestado em seu próprio gabinete pela manhã.


  Perguntado sobre o caso, o delgado Cleandro Pimenta, titular da Delegacia de Defraudações, afirmou que o caso está muito confuso, que o secrtário falou em falsificação de documentos dentro da Sesab, mas não apresentou um documento sequer.


  "Está mais do que claro que o objetivo de Jorge Solla não é outro, senão esconder porque participou e venceu uma concorrência no valor de R$1,2 milhão para ser consultor da própria Sesab.  A dissimulação faz parte do comportamento deste secretário", finalizou Heraldo.