Política

OLÍVIA SANTANA: QUEREMOS PARTICIPAR DAS DECISÕES POLÍTICAS COMO LÍDER

Olívia Santana, PCdoB, é vereadora na capital e foi ex-secretária da Educação do Município
| 18/09/2007 às 10:01
Em entrevista exclusiva, a candidata a prefeita de Salvador, Olívia Santana, PCdoB (Foto:MF)
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  Militante estudantil na década de 1980, Olívia Santana (PCdoB) exerce o segundo mandato de vereadora na capital. É dirigente da União de Negros pela Igualdade e foi secretária de Educação e Cultura do município.
 
   Indicada pelo Partido Comunista do Brasil (PC do B) como futura candidata a prefeitura de Salvador, Olívia Santana, em entrevista ao Bahia Já, falou sobre as perspectivas para as eleições do ano que vem, iniciação política, futuro do "carlismo", pontos divergentes com a atual administração de João Henrique, possíveis alianças e as prioridades do seu governo, caso seja eleita prefeita da cidade do Salvador.
  
   Entrevista ao repórter Marivaldo Filho.


Bahia Já - Como e quando aconteceu a sua iniciação política?

Olivia Santana - Tenho quase 20 anos de militância. Entrei no PC do B em 1988 , ele foi o único partido que participei na minha vida e pretendo ficar nele para sempre. Antes de entrar neste partido, participei ativamente da juventude espírita . A primeira vez que tive contato com o marxismo foi no espiritismo. Era um segmento progressista de jovens espíritas que estudava muito Fidel e a religião. A parir deste momento, passei a me interessar muito sobre este assunto.



B.J - O que motivou você a colocar seu nome à disposição para pleitear o cargo de prefeita da cidade do Salvador?

O.S. - O partido vem discutindo a questão internamente sobre os nomes que despontam com possibilidades eleitorais, considerando também o resultado da eleição passada, em que fui candidata a deputada estadual do partido mais votada em Salvador com 38 mil votos e fui a sétima mais votada entre todos os candidatos, na capital. O PC do B busca também uma candidatura que tenha trânsito em diferentes segmentos. Sou militante do movimento anti-racismo e Salvador é uma cidade de maioria negra. Mas não me prendo só ao movimento negro. Procuro avançar também em outros setores da sociedade.



B.J. - Qual é a sua avaliação da administração de João Henrique? O que falta melhorar e o que já foi melhorado em Salvador?

O.S. - Nós somos parte do governo e respeitamos muito a experiência do prefeito, mas temos o entendimento de que não se pode confundir, esta administração pública e uma futura união para reeleição. O pacto para esta gestão não significa, necessariamente, que teremos que reiterar isso para uma próxima gestão. Temos diferenças em relação à visão política de como conduzir um projeto de fortalecimento da administração publica e de democratização da renda. Existe a necessidade de mexer mais estruturalmente na cidade.  A presença do PC do B no governo não é apenas para termos uma máquina na mão. Queremos participar efetivamente das decisões políticas de ponta.



B.J - Quais seriam as prioridades na sua gestão?

O.S. - Entendemos que é preciso haver uma maior priorização da educação no que diz respeito aos recursos e pagamento de fornecedores. Achamos que Salvador foi uma cidade muito castigada em administrações anteriores. Portanto, são necessários investimentos concretos, considerando que a cidade tem baixos índices de desenvolvimento educacional e dificuldades de recursos. Temos que priorizar a educação para garantir a fluência da máquina e dos projetos educacionais. É preciso conjugar a busca pelo desenvolvimento econômico com o desenvolvimento das áreas sociais.



B.J.- Já existem contatos para a formação de alianças que possam apoiar a sua candidatura?

O.S.- Nós estamos dialogando com determinadas lideranças de pequenos partidos buscando fazer as articulações. Estamos em processo de conversa, mas o partido só tomará a decisão final no próximo dia 20 de outubro, na Conferência Municipal do Partido Comunista do Brasil.



B.J.- Sobre os futuros adversários na corrida pelo Thomé de Souza. Quem você considera os principais concorrentes?

O.S. - Acho que a eleição é um grande desafio. Temos que respeitar os adversários, mas não podemos ter medo de ousar. O lema do partido é ousadia. Pensar o socialismo, a conjuntura política e a tática eleitoral de maneira ousada. Até agora sou a única mulher posta por decisão partidária e espero que o partido ratifique a minha indicação na conferência. Feito isso, nós pretendemos disparar o processo de maiores articulações.


B.J. - Sobre as mudanças que acontecerão nas primeiras eleições após a morte de ACM. Você acredita que surgirá um novo líder capaz de substituí-lo? Ou você acredita no fim do "carlismo"?

O.S. - As principais mudanças em relação ao "carlismo" aconteceram antes mesmo da morte dele. Agora, nós estamos vendo uma migração dos deserdados para outras forças com perfis semelhantes, mas também para partidos de centro-esquerda e de esquerda. Vamos ver como isso, até 2008, vai se configurar para termos um entendimento mais claro de como serão os processos de disputa eleitoral em cada município.



B.J. -Você se considera madura, politicamente falando, para se tornar prefeita da cidade do Salvador?

O.S. - Não me sinto nem melhor nem pior do que nenhum dos futuros candidatos que estão com seus nomes ventilados. Temos uma sustentação partidária muito consistente. Se nós ganharmos Salvador, teremos capacidade política para administrar a cidade, pensarmos em um projeto de desenvolvimento da cidade de maneira discutida, buscando articular com os aliados e deixando o rumo bem claro para a nossa administração. Todas as candidaturas têm a possibilidade de amadurecer no processo do debate. Sou vereadora, estou no meu segundo mandato. Vejo outros candidatos que nunca operaram a máquina pública com bom desempenho nas pesquisas e, em nenhum momento, vejo discussão se esses candidatos estão ou não preparados. Acho que tenho condições de apresentar uma candidatura viável para a cidade de Salvador.