Política

BRASIL ESPERA QUE SENADO CASSE O MANDATO DO SENADOR RENAN CALHEIROS

A expectativa é das revistas que chegaram às bancas neste final de semana
| 06/09/2007 às 14:28
  A proposta de aplicação da pena de perda de mandato para o presidente do Senado, Renan Calheiros, chega ao plenário do Senado, depois de aprovada no Conselho de Ética e ratificada pela CCJ. A vantagem que o senador leva no último round dessa disputa corre riscos. E fatos novos podem contribuir para desequilibrar o jogo.

  Renan Calheiros perdeu por 11 votos a quatro no Conselho de Ética e por 20 a um na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). No plenário, onde o processo vai ser submetido à análise em sessão secreta com votação também secreta, o sentimento é de que as coisas podem correr diferentes, não só pelo caráter reservado da decisão.

  A luta que passa a ser travada coloca, de um lado, o parecer recomendando a cassação por quebra de decoro e, de outro, os argumentos de defesa, que não prescindem do envolvimento pessoal, amizade, antigos favores etc. Para aplicação da pena são necessários 41 votos.

 Normalmente, não há uma campanha aberta de parlamentares pela cassação de um colega, no máximo a defesa do parecer. O Senado, nesse caso, não deve fugir à regra. 
Mas, caso ocorram novas deúncias contra Renan neste final de semana, com as revistas nacionais trazendo novos fatos, o senador corre sério risco de ser cassado.

   POSICIONAMENTO

  Existe o posicionamento partidário, mas este, se rotineiramente não é seguido à risca, em processos de cassação é menos rigoroso ainda. Não se pode deixar de considerar a pressão externa, favorecida pelo fator e-mail, e a forte vigilância exercida pela imprensa, sintonizada na sua audiência.

  Essa disposição de peças retrata um equilíbrio de forças, que é realçado pelo fato de os três representantes do PT no Conselho de Ética terem votado pela cassação. Mas aqui não se pode fazer como os crupiês, recolher as apostas e declarar o jogo feito.

  Sabe-se no Congresso que estão curso reportagens com potencial para abalar ainda mais a credibilidade do presidente do Senado. Geradas em "Veja" e na "Folha de S. Paulo", diriam respeito a financiamento político, tendo como fonte órgãos estatais. Fala-se na Transpetro, subsidiária da Petrobras para transporte e armazenagem, e na Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Seria dinheiro grosso, em nada comparável a caraminguás e gorjetas.

  Caso venham à tona às vésperas da sessão do plenário, que deve se dar na próxima quarta, as novas denúncias podem engrossar os votos a favor da cassação, à medida que esvaziam impulsos do governo para demover convicções no PT e dissipam dúvidas de antigos aliados de Calheiros, nos blocos governista e oposicionista.

  Diante de um novo escândalo de dimensões consideráveis, tomaria a atmosfera do Senado frase parecida com a dita pelo ex-deputado Roberto Jefferson, há pelo menos dois anos, no Conselho de Ética da Câmara: "Sai daí rapidinho, Zé Dirceu"... Dirceu saiu".