Decidido a dar uma resposta pública às reiteradas críticas da sociedade sobre a transposição das águas do rio São Francisco, o presidente Luís Inácio Lula da Silva designou o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, a fazer um pronunciamento em cadeia nacional de TV e rádio, que irá ao ar amanhã (sexta-feira - 31/8), entre 20:15 e 20:30, no intervalo do Jornal Nacional.

  Durante três minutos, o ministro vai prestar esclarecimentos sobre as principais obras que envolvem o chamado Projeto São Francisco: a transposição, a revitalização e o programa "Água para Todos".  Depois da gravação do pronunciamento, ontem (29) na Radiobrás, o ministro antecipou que a fala responde as críticas que continuam sendo lançadas contra o projeto.

 "Transposição não é desvio do leito, não é a morte do rio, não é nenhuma aventura. Ao contrário. Estamos fazendo um grande programa de desenvolvimento sustentado, que une ações de desenvolvimento com cuidado ambiental", disse Geddel Vieira Lima, admitindo que a falta de comunicação sobre a obra tem sido uma das razões dos equívocos e receios. "Estamos conversando cada vez mais com a sociedade, para informar. Transposição não é coisa inédita. Existe em países pobres e ricos de todos os continentes".

  O ministro disse que durante o pronunciamento vai informar que apenas 1,4% da água do rio, já perto da foz, será levada para abastecer cerca de 12 milhões de pessoas no semi-árido. Que vai falar sobre as obras de revitalização, já iniciadas em vários pontos da bacia do São Frâncico. E que vai agradecer à crítica da sociedade que fez nascer o projeto "Água para Todos". "As pessoas reclamavam da impropriedade de se levar água para longe enquanto os ribeirinhos também sofriam com a seca. Daí surgiu o programa que vai abastecer 1.800 comunidades próximas do rio", disse.

 A fala do ministro da Integração Nacional será transmitida no momento em que o governo espera o julgamento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre uma demanda judicial entre as empresas participantes da licitação da transposição. Para Geddel, a questão não vai atrapalhar a obra. "Tenho absoluta certeza de que isso será resolvido e que a transposição, já tocada pelo Batalhão de Engenharia do Exército, ganhará celeridade a partir dessa decisão".