A diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), Denise Abreu, pediu demissão nesta sexta-feira, suspeita de entregar um documento sem validade para convencer a Justiça a liberar o Aeroporto de Congonhas (SP) e de fazer lobby para transferir o setor de cargas do mesmo terminal e também do Aeroporto de Viracopos para Ribeirão Preto e beneficiar um empreiteiro.
Denise alega motivos pessoais para deixar o cargo. A carta de renúncia foi entregue pessoalmente ao ministro da Defesa Nelson Jobim na tarde desta sexta. Ela pediu que a carta fosse passada ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
Denise Abreu prometeu conceder uma entrevista coletiva na próxima segunda-feira, em São Paulo. Mais cedo, a procuradora da República Inês Virgínia Prado Soares havia ajuizado ação cautelar com pedido de liminar para que ela fosse afastada do cargo pelo prazo de 60 dias.
Documento
O Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo apura cível e criminalmente o suposto uso de documento falso pela Anac perante o Tribunal Regional Federal da 3ª Região. O documento, que ainda não era oficial, teria sido utilizado para que a juíza autorizasse a liberação da pista de Congonhas.
Denise afirmou em depoimento à CPI do Apagão Aéreo que o papel não tinha importância para o que estava sendo julgado. "É como se eu mandasse a certidão de nascimento do meu filho com tudo isso", disse durante depoimento.
Charuto
No dia 30 de março deste ano, quando controladores do Brasil inteiro faziam um motim, a diretora da Anac foi fotografada fumando charuto. Em depoimento à CPI do Apagão Aéreo no Senado ela disse: "não fumo charuto e nunca fumei". Segundo Denise, a foto foi tirada no exato momento em que ela aceitou uma oferenda, em um casamento, e participou de um ritual com os convidados.
Leia carta de missão de Denise Abreu:
Iso posto requeiro a remessa da presente renúncia ao senhor presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, a quem pessoalmente prestarei os esclarecimentos das razões de ordem pessoal que me levaram a esta decisão.
Brasília, 24 de agosto de 2007
Denise Maria Ayres de Abreu