De acordo com a revista, Renan comprou participação societária em duas rádios e em um jornal de Alagoas sem informar a Receita Federal, a Justiça Eleitoral ou o Congresso Nacional. A revista, porém, afirma ter tido acesso a documentos que comprovam a ligação do presidente do Senado com as empresas.
Segundo a revista, ele é dono de duas emissoras de rádio avaliadas em R$ 2,5 milhões e, até 2005, foi sócio de um jornal avaliado em R$ 3 milhões. O diário em questão é "O Jornal", segundo mais lido do estado e concorrente direto da "Gazeta de Alagoas", de propriedade da família Collor.
A reportagem diz que a operação de compra de participação em empresas de mídia começou em 1998, quando o senador planejava concorrer ao governo de Alagoas, mas encontrava resistência de seu ex-aliado Fernando Collor.
Para comprar o jornal e fazer oposição à família Collor, afirma "Veja", Renan procurou o usineiro João Lyra, ex-sogro de Pedro Collor, propondo sociedade. Segundo a revista, cada um entrou com R$ 1,3 milhão e, como o senador não tinha todo o dinheiro de sua parte, Lyra lhe emprestou R$ 700 mil, que foram pagos em parcelas mensais ao longo de 1999.
Conforme a revista, os pagamentos ao usineiro foram feitos, mas o senador não usou banco, cheques ou qualquer meio de comprovação eletrônico. De acordo com pessoas envolvidas com o negócio, "às vezes o dinheiro vinha em dólares, às vezes em reais". A reportagem afirma que o restante da parcela a ser paga por Renan teve o empresário Tito Uchôa, primo do senador, como portador, embora não se tenha certeza da origem do dinheiro.
Foi Tito quem teria pago os proprietários de "O Jornal" em quatro parcelas - uma de R$ 350 mil e três de R$ 100 mil, conforme a reportagem. O antigo dono da publicação, Nazário Ramos Pimentel, disse a "Veja" ter vendido suas empresas para Lyra, mas admitiu que a negociação também envolveu o senador.
O texto afirma que o negócio entre Renan e João Lyra foi desfeito em 2005 por divergências de administração. Na "partilha", continua a revista, o usineiro ficou com "O Jornal" e Renan com a Rádio Correio e a JR Radiodifusão.
Negócio desfeito, um dos filhos do presidente do Senado, José Renan Calheiros Filho, foi admitido como sócio da JR Radiodifusão, segundo documento reproduzido no texto.