Cultura

50 ANOS DE BRASIL: DIMITRI GANZELEVITCH LANÇA "MINHA VIDA DE JASMIN"

Lançamento será no dia 26 de julho (sábado), às 16h, no Santo Antônio Além do Carmo. A festa será acompanhada de espetáculo teatral inédito montado especialmente para o evento.
OS , da redação em Salvador | 24/07/2025 às 10:49
Dimitri e seu jasmin
Foto: DIV

Nascido no Marrocos, o francês de origem russa Dimitri Ganzelevitch viveu em países como França, Espanha, Portugal e Inglaterra, antes de se instalar definitivamente em Salvador, em 1975. Agora, para celebrar os 50 anos de sua vida em território soteropolitano - e aos 89 anos de idade -, ele está lançando o livro “Minha Vida de Jasmim”, uma coletânea de crônicas publicadas em veículos como Gazeta Mercantil e A Tarde, além de textos inéditos.

O lançamento, no dia 26 de julho (sábado), às 16h, será num lugar fundamental para Dimitri: o Solar Santo Antônio, no Santo Antônio Além do Carmo, onde ele vive desde a década de 1980. A festa será aberta ao público e haverá um breve espetáculo montado especialmente para a ocasião, dirigido pelo cineasta Bernard Attal e protagonizado pelos artistas Rita Rocha, Igor Epifânio e Marcelo Flores. O evento também marca a despedida de Dimitri daquela casa, que foi vendida recentemente.

“Essas crônicas têm um pouquinho de tudo, porque o ecletismo é uma característica minha. Sou eclético na culinária, na leitura, nos amigos… moro no Santo Antônio Além do Carmo, que é um bairro eclético, e vivi em diferentes países. Isso, então, se reflete no que eu escrevo. Mas não tenho pretensões literárias. Não sou nenhum Fernando Sabino, que admiro muito”, brinca o cronista.

Portanto, o leitor pode se preparar para ler sobre os mais diversos assuntos: há lembranças do tempo em que era criança, como na crônica “Minhas Infâncias” - que mistura ficção e realidade - ou memórias relacionadas a espetáculos teatrais, como faz em “Um Domingo de Tarde em Casablanca”, em que lembra do impacto que teve ao assistir a uma montagem da companhia Katherine Dunham Company, ainda aos 13 anos de idade.

Veja esse trecho de “Um Domingo de Tarde em Casablanca”: “O choque seria determinante para muitas das minhas opções culturais e até políticas. Fiquei deslumbrado, atônito, mareado pela beleza do espetáculo, suas músicas e ritmos, a estética força dos corpos suados, pois era inevitável o impacto sensual do espetáculo sobre um rapaz em pleno desenvolvimento intelectual e físico”.

No livro, Dimitri fala também de pessoas que encontrou, como a fadista Amália Rodrigues, o pianista russo Igor Stravinsky, o presidente Juscelino Kubitschek, as sultanas otomanas e o maestro Yehudi Menuhin.

E, embora não tenha o português como língua materna, Dimitri impressiona pela fluência do texto e pela leveza como escreve. “Sempre li muito em várias línguas, inclusive em português, autores como Eça de Queiroz e Machado de Assis, gosto muito deles. E curto o desafio de escrever em uma língua que não domino completamente. Português é uma língua belíssima! Às vezes, descubro uma palavra e digo: tenho que usar isso”, ri o autor.

QUEM É DIMITRI GANZELEVITCH

Nascido em Rabat, no Marrocos, Dimitri passou por França, Inglaterra, Espanha e até ir para Portugal. Quando aconteceu a Revolução dos Cravos, em 1974, ele resolveu mudar-se para Salvador, onde já havia estado por algumas vezes e convivido com artistas como Jorge Amado e Carybé. Em Salvador, começou a atuar como galerista, investindo em artistas iniciantes na época, como Bel Borba, Vauluizo Bezerra e Reinaldo Eckenberger.

Nas décadas seguintes, firmou-se como galerista e também foi um agitador cultural, usando o Solar Santo Antônio para muitos encontros entre artistas e intelectuais. A casa foi frequentada por gente como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Regina Casé e o imóvel tinha até um palco no jardim, onde promovia espetáculos e saraus. Até como ator já se arriscou, em filmes dos diretores Bernard Attal e Claudio Marques, além de ter feito teatro de rua com Ray Alves.

O QUE OS AMIGOS DIZEM SOBRE DIMITRI

“O livro de Dimitri é do tipo “on the road”: é sua volta ao mundo como passageiro do balão de Júlio Verne, que ilustra sua capa. Começa em Portugal, segue pela Inglaterra, Turquia e vai adiante pelo Oriente Médio e a seguir pela África e América Latina, contando histórias deliciosas, de fino humor que nos faz lembrar as nossas próprias viagens reais e imaginárias. Dimitri é um cronista de mão cheia, que, apesar de sua formação erudita europeia, domina o baianês como raros escritores baianos” (Paulo Ormindo de Azevedo, arquiteto e membro da Academia de Letras da Bahia)

“Não lembro quando o conheci, mas nos escolhemos. Sempre gostei da rebeldia dele, da inquietude, criatividade e talento para descobrir o que os outros não viam. E gosto da crítica dele, sobre o abandono e a má administração do patrimônio arquitetônico da cidade. Ele é um sentinela dos nossos bens. Que bom ele ter escolhido a cidade de Salvador para viver, cuidar e denunciar nossas mazelas. Vivas a Dimitri Ganzelevitch!” (Olívia Soares, jornalista)

“O que eu mais gosto no livro dele é que ele ilustra muito bem o que Dimitri é como pessoa: mostra as diferentes facetas da personalidade dele. É um colecionador, tem uma paixão autêntica pela Bahia, um gosto muito grande pelo povo… e também um olhar de não baixar a cabeça e resistir quando acha que os princípios dele estão em jogo” (Bernard Attal, cineasta)

SERVIÇO
Lançamento do livro “Minha Vida de Jasmim”
Autor: Dimitri Ganzelevitch
Quando: 26 de julho (sábado), 16h
Local: Solar Santo Antônio (Rua Direita de Santo Antônio, 177, Santo Antônio Além do Carmo).