Jornalista é um profissional de comunicação que pode atuar em qualquer governo
Tasso Franco , Salvador |
07/01/2023 às 14:52
Pacheco Maia
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A nomeação do jornalista Pacheco Maia para o cargo de coordenador geral de jornalismo da Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo do estado não deve ter agradado os petistas de raiz nesse segmento.
Afinal, na última campanha para governador fez a assessoria de inprensa do candidato bolsonarista, João Roma, intermediou os debates deste candidatos nas emissoras de TV e praticamente fez a campanha sozinho. Eventualmente, a campanha de Roma contratava um fotógrafo. Após as eleições - Roma não atingiu o segundo turno - Pacheco ainda mandava notas à imprensa do deputado João Roma.
Mandava, pois, a nomeação de Pacheco pelo governador Jerônimo Rodrigues foi foi publicada na edição deste sábado (7), do Diário Oficial do Estado (DOE) e a partir de agora não mandará mais.
Lembrando, ainda, que em 2018 foi nomeado pelo então prefeito de Salvador, ACM Neto (União), como secretário de Comunicação. Em 2021, assumiu a direção-geral da Fundação Paulo Jackson, que faz a gestão da TV ALBA e Rádio ALBA.
A Comunicação é um setor estratégico de qualquer governo e, por tradição (pelo menos aqui na Bahia) jornalistas que participam de campanhas de candidatos quando estes são eleitos os nomeiam assessores nos governos e nas prefeituras. Essa, no então, não é uma obrigatoriedade dos eleitos que podem optar por outros nomes, assim como não são obrigados a nomear jornalistas que sejam alinhados com ideologias e partidos.
Eu fiz a campanha de Waldir Pires, em 1986, ele foi eleito pelo então PMDB e nomeou como secretário da Comunicação, Wilter Santiago, que era amigo pessoal dele. Fiz também a campanha de Paulo Souto, no inicio da década de 1990 e o nomeado para a Comunicação foi Fernando Vita. Jaques Wagner quando foi eleito, em 2007, nomeou Robinson Almeida (hoje, deputado) que nem jornalista era. O secretário atual da Comunicação, André Curvelo, por posto, não é petista de carteirinha. Então, a nomeação de Pacheco Maia pode parecer estranha ao ninho, mas ele é um profissional de imprensa e não é bolsonarista desses de se enrolar na bandeira do Brasil.
Jerônimo, de certa forma, está ajudando a quebrar esse ranço (antigo) de que o jornalista que fez uma campanha de candidato Y e/ou trabalhou num determinado governo (de qualquer partido) tem que morrer alinhado com Y e com a ideologia de partidos políticos. A comunicação - no meu modo de ver- está acima dessas questões.