O som do Olodum, Jau, Armandinho e a força da cultura brasileira arrastaramu uma multidão neste domingo (14), na capital francesa
Carolina Grobberio , Paris |
14/09/2025 às 20:01
Festa tipicamente baiana
Foto: Nice Filmes
Neste domingo (14), em Paris, aconteceu a 24ª edição da Lavagem de Madeleine reuniu uma multidão nas ruas da Madailene. Embalados por batucadas, cânticos, maracatus, capoeiristas e pelas tradicionais baianas de branco, brasileiros, turistas e curiosos sentiram a energia de Salvador no coração da cidade-luz.
O cortejo, que reuniu mais de 700 artistas, começou às 10h na Place de la République e percorreu 4 km em direção à Igreja de Madeleine. No caminho, o público vibrou com apresentações inesquecíveis: o som contagiante do Olodum, a energia de Jau ao cantar axé e a Bahia, a guitarra marcante de Armandinho Macedo, e o ritmo das batucadas do grupo Batala, que se juntaram ao trio elétrico sob o comando do multiartista Robertinho Chaves, criador e organizador do evento. A música ecoou em Paris em um espetáculo que uniu festa popular, consciência cultural, resistência, religiosidade, mensagens de paz e contra a intolerância religiosa.
Às 14h, o ápice da celebração aconteceu com a cerimônia simbólica da lavagem das escadarias da Igreja de Madeleine, conduzida pelo Babalorixá Pai Pote, do terreiro Ilê Axé Ojú Onirê, de Santo Amaro da Purificação (Bahia), acompanhado de um padre, mostrando a sinergia, o sincretismo e o respeito entre religiões. Inspirada na Lavagem do Bonfim, a cerimônia abriu caminhos e emocionou o público ao reafirmar a força da religiosidade e da tradição afro-brasileira como patrimônio da humanidade.
Este ano, a Lavagem de Madeleine prestou uma homenagem especial a duas mulheres que marcaram a história do festival: Preta Gil, primeira madrinha do evento, e a jornalista Wanda Chase. As homenagens, recebidas com forte emoção pelo público, destacaram trajetórias que são símbolos de resistência, diversidade e afirmação cultural, mostrando que o legado dessas artistas continuará inspirando gerações no Brasil e no mundo. Durante o tributo, Paris cantou Preta e aplaudiu Wanda, e a bandeira erguida com a foto das duas marcou esse registro como permanente na memória do festival, trazendo para a festividade a força e a alegria dessas mulheres para a cultura.
“Cada ano é uma emoção única, mas ver mais de 700 artistas e uma multidão transformando Paris em Salvador foi inesquecível. A Lavagem de Madeleine se tornou um símbolo da força da cultura afro-brasileira no mundo, mostrando que nossa música, nossa fé e nossa tradição têm um poder de união e alegria que atravessa fronteiras. É uma celebração de identidade, resistência e, acima de tudo, de amor. A homenagem a Preta e Wanda é mais que merecida, elas nos ajudaram a construir esse evento”, destacou Robertinho.
Sobre a Lavagem de Madeleine:
A Lavagem de Madeleine é um cortejo que reúne brasileiros e franceses, saindo da Praça da República e seguindo até a Igreja de Madeleine, onde são lavadas as escadarias da igreja. Inspirada na Lavagem do Bonfim de Salvador, a festa foi idealizada pelo multiartista Roberto Chaves, o Robertinho, e atrai artistas brasileiros e internacionais.