O melhor projeto em cultura e tech de uma prefeitura do interior na BA
Tasso Franco , da redação em Salvador |
31/08/2025 às 13:00
Expo de componentes com uso da IA
Foto: Juliano Serraf
A Prefeitura de Camaçari reativou o projeto Cidade do Saber um dos mais importantes que existe na RMS e alia cultura, lazer e tecnologia. Havia sido sepultado pelo bronco ex-prefeito Elinaldo Araújo e reativado por Luís Caetano que, originalmente, foi o seu idealizador.
Tem uma proposta contemporâneo e salvo os exageros propagandísticos da Prefeitura, especialmente da Cultura e da Sejuv, e, claro, merecidamente de Caetano, o projeto está estruturalmente bem reimplantado e falta, obviamente, focar nos programas que pretende implantar. Se for abarcar tudo não irá a lugar algum.
A Bahia está carente de inteligência e nada de novo tem surgido no estado há anos e salvo os repetecos de apoios e mais apoios; seminários e mais seminários; defesa da mulher e mais defesa da mulher; não produz nada de atual na ciência, na tecnologia, nas artes, salvo um ou outro projeto isolado da iniciativa privada.
A UNEB é jurássica e a UFBA está adormecida no berço esplêndido desde Edgard Santos, vivendo do passado. A Universidade privada só pensa em ganhar Money
O que há de relevante é o CIMATEC/FIEB e anuncia-se que o Cidade do Saber está se conveniando com esse centro tecnológico.
A ideia – no geral, como disse Darley Lima, diretor de Juventude da Sejuv, é voltar a aproximar o público jovem de temas estratégicos da atualidade, ofertando workshops sobre inteligência artificial, empreendedorismo digital e a projeção de meninas na ciência, além de uma exposição tecnológica que mobilizou empresas e instituições de destaque, como a Build Your Dreams (BYD), o Senai Cimatec, o Instituto Federal da Bahia (IFBA), o Centro Territorial de Educação Profissional (Cetep) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA), é excelente.
Bravo, um primeiro passo. A questão é que desenvolver projetos de cultura e também em ciência e tecnologia, sobretudo nesse campo, exige investimentos e participação da iniciativa provada. Se o Cidade do Saber se apegar apenas aos órgãos oficias da estrutura do governo não anda.
No Brasil a mentalidade empresarial é tacanha. As empresas preferem apoiar eventos em shows de pagodes, sertanejos e outros do que investir em tecnologia.
Nos Estados Unidos, por exemplo, os jovens lançam projetos com uso da IA e tem forte aporte de recursos da iniciativa privada e de investidores. Sam Altman, do GPT, começou do nada. Mas tinha uma grande ideia, desenvolveu e teve uma resposta do mercado. No Brasil as coisas não funcionam dessa maneira. Mas, o Cidade do Saber, pode inovar e buscar essas parcerias.
A Bahia não tem projeto de nada em TECH, em IA, salvo cópias de um ou outro projeto já em andamento. Lembram do skate-bag da SECTI. Só deu fotos na mídia.
Na Cultura é a mesma coisa. É um bater de tambor sem medidas que não sai do lugar. O último movimento cultural de porte que surgiu foi a Axé Music que há tem 50 anos de existência. O teatro morreu. A arte cênica idem.
Que projeto o Cidade do Saber vai apresentar? A exposição recente dos projetos desenvolvidos por estudantes, que apresentaram ideias inovadoras voltadas à solução de desafios locais, foi meritória.
A parte do compromisso social e a criatividade da juventude camaçariense, dito pelo release, é conversa fiada.
O importante é foco. Qual desses projetos pode resultar em algo efetivo? É desenvolver uma impressora 3D local, de nome Camaçari? Isso é que vai valer.
A questão das TECH é que o mundo está a léguas de distância da nossa frente – China, EUA, Coreia do Sul, Japão, Finlândia, etc – então o desafio do Cidade do Saber é enorme. Não existe mais esse negócio de solução local. O mundo está globalizado há muito tempo e tem que se pensar no planeta.
Só o fato, no entanto, de reativar um projeto que mexe com a inteligência, com a criatividade,
com o saber, já tem seu mérito. Torço muito que esse programa avance que consiga colocar jovens para ao menos conhecer a planta da Space X ou o ambiente criativo da Aple, vê como os japoneses e coreanos produzem celulares, como os chineses fazem os carros da BYD e estradas usando drones. Enfim se antenar com o mundo. (TF)