Colunistas / Política
Tasso Franco

A MISSÃO JERÔNIMO À FRENTE DO GOVERNO DA BAHIA

Dois pontos básicos na trajetória de Jerônimo serão: fazer uma boa administração e manter a base aliada unida
10/11/2022 às 13:46
    O governador eleito Jerônimo Rodrigues (PT) ainda não sinalizou com mais firmeza o que pretende fazer na sua gestão à frente do Estado (2023/2026), em primeiro mandato, salvo declarações esparsas de quem vai combater a fome e cuidar da educação e da segurança, prioritariamente. Vamos aguardar que assuma o cargo, em 1º de janeiro, e delinei seu projeto substancial. Que será um governo de continuidade aos de Jaques Wagner (2007/2014); e Rui Costa (2015/2022) isso não se tem dúvidas. O projeto de poder do PT e aliados está dando certo, portanto, não é recomendável mudar.

  Jerônimo, mesmo antes de apresentar seu programa de governo, tem ao menos duas missões que são básicas para manter o projeto global à frente: realizar um bom governo administrativamente, igual ou melhor aos de Wagner e Rui; e manter a base aliada unida, o que significa dizer se inserir no contexto da política, ele que está chegando agora, não é do ramo, mas é o governador e tem todas as condições de aprender esse jogo e se aperfeiçoar. 

  Por posto, Rui Costa, quando assumiu o governo pela primeira vez, em 2015, já era político (vereador e depois deputado federal), porém considerado um bronco, uma pessoa de pouco diálogo, que tratava até os deputados a meia luz, e com o tempo melhorou substancialmente. No segundo mandato era outro e fez o sucessor ao seu modo.

  Em recente entrevista a uma emissora de TV, o presidente do PT na Bahia, Éden Valadares afirmou que o governador eleito possui as principais qualidades dos dois principais líderes da legenda no estado, o ex-governador e senador, Jaques Wagner, e o atual governador Rui Costa. 

 “Conheço o governador eleito há 20 anos, trabalhamos juntos nas campanhas, em governo, e tenho certeza: Jerônimo reúne as melhores qualidades de Rui e Wagner. Tem a concentração, a capacidade de trabalho, o comprometimento com trabalho que tem Rui Costa. Ele costuma brincar que se Rui é correria, com ele a correria vai ser dobrada. Ele tem essa característica muito forte de Rui, como tem também a disposição do diálogo, da participação, do ouvir, do ser convencido que Wagner tem. Então eu penso que não será nem o governo Wagner 3.0 e nem o governo Rui 3.0. Será o governo Jerônimo 1.0”, disse o dirigente estadual do PT.

  Evidente que se trata de uma declaração agradável, bem intencionada e própria de um dirigente partidário, mas precisa ainda ser testada. Somente a prática, nos próximos 4 anos, é que dirá se Jerônimo conseguirá esse feito. 

  E mais disse Eden: “Jerônimo é alguém que tem muita disposição para o diálogo, muita disposição para construção de consensos. Então, nós estamos muito orgulhosos de termos chegado até aqui com essa política e de estar consolidando esse novo jeito de fazer política na Bahia que passa, inclusive, pela relação que o poder executivo tem com a imprensa, com o judiciário, com o Ministério Público e com os adversários”.

 A renovação desse projeto, destacou o dirigente estadual, se fortalece também com as novas lideranças políticas do PT da Bahia que vem se destacando e que desempenharam papéis importantes durante as eleições. “Conduzimos uma campanha com uma nova geração inteira nos principais postos-chaves, nas principais coordenações da campanha. É uma nova geração, uma nova galera que chegou. Todo mundo inspirado e quase que conduzido pelo senador Jaques Wagner, que é um entusiasta da renovação. Minha chegada à presidência do PT é isso, essa campanha que fizemos é isso, a candidatura de Jerônimo é mais uma prova desse compromisso de Wagner com a renovação. Já tinha sido Rui Costa e agora com Jerônimo e essa moçada, essa galera nova que se consolidou na direção do PT, conduzindo essa campanha tão bonita e tão vitoriosa”, disse Éden.

  Vê-se, pois, que Éden exalta Wagner e põe Rui num segundo plano. Ora, todo mundo sabe que o PT na incial da campanha de 2022, lançou Jaques Wagner como pré-candidato ao governo, o qual foi "educadamente" vetado por Rui. Depois, Lula sinalizou Otto Alencar que foi bombardeado pelos deputados do PT. Então, campo livre, Rui lançou Jerônimo. A renovação, portanto, se deve a Rui e não a Wagner.

 Quanto a forma de fazer política do PT não difere dos tempos passados da Bahia e o PT vem amaciando o Poder Judiciário desde o tempo de Dutra Sintra até os dias atuais. E houve muitas queixas de lideranças do interior diante a ação de Rui. A conduz suas relações dom o Poder Legislativo igualmente, desde Marcelo Nilo.

  Um dos exemplos mais gritantes foi - desde a era Wagner - o boicote a construção do Centro de Convenções em Feira de Santana iniciada por Paulo Souto.

  Então, caro Éden, é preciso ter calma e paciência no carregar o andor, dando crédito a quem de direito, no caso o governador Rui, em 2022, ainda que Wagner tenha um papel histórico de fundamental valor, desde 2006, e aguardar o desempeho de Jerônimo. Ele tem tudo para dar certo. As bases são estruturadas e firmes e ainda conta com o governo Lula. (TF)